Os índices de desaprovação do governo de João Doria (PSDB) indicam estabilidade, mas ainda em patamar superior ao da parcela de paulistas com visão favorável à gestão dele no estado.
As conclusões estão em pesquisa do Datafolha realizada com 2.034 pessoas em São Paulo entre os dias 13 e 16 de dezembro, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Consideram o governo Doria ruim ou péssimo 38% dos entrevistados, mesmo patamar aferido na pesquisa anterior, de setembro deste ano.
Também não houve alteração entre os 24% que avaliam que o tucano faz uma gestão ótima ou boa.
Consideram o governo regular 37% dos pesquisados, contra 38% no levantamento anterior, uma variação dentro da margem de erro. Não souberam responder 2% agora, contra 1% em setembro.
Os números ruins podem ser um entrave para os planos políticos de Doria e de seus aliados. No mês passado, o governador venceu a prévia interna no PSDB e será o candidato do partido a presidente no ano que vem, devendo se desligar do cargo em abril, como manda a lei eleitoral.
Seu atual vice, Rodrigo Garcia (PSDB), herdará o Palácio dos Bandeirantes e tentará um novo mandato em outubro, mas a associação com o padrinho político poderá trazer dificuldades eleitorais.
Como mostrou o Datafolha, Garcia tem obtido índices modestos na disputa estadual, chegando a no máximo 8% em um dos cenários pesquisados.
Já Doria, na pesquisa presidencial, consegue patamares ainda menores, não passando de 4%.
O governador obtém seus melhores índices de aprovação entre os eleitores que têm apenas o ensino fundamental (30%) e no grupo dos mais ricos, com renda mensal superior a dez salários mínimos (28%).
Curiosamente, ele vai mal no segmento dos empresários, que sempre foi seu habitat natural. Apenas 10% neste grupo consideram sua gestão ótima ou boa, enquanto 33% a avaliam como regular e 54%, ruim ou péssima.
Doria entrou na política após uma carreira de sucesso à frente do Lide, grupo que reúne diversos segmentos do setor produtivo na defesa de pautas econômicas liberais.
Na campanha municipal de 2016 em São Paulo, em que venceu no primeiro turno, o tucano popularizou a frase “não sou um político, sou um gestor”.
Agora para a disputa presidencial, Doria tem buscado reforçar suas credenciais reformistas, nomeando uma equipe de conselheiros econômicos cujo porta-voz é o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, bem visto pelo mercado.
A dificuldade do governador para aumentar seus índices de popularidade mostra que o bônus político obtido por ter iniciado a vacinação contra a Covid-19 no país, em janeiro, não ocorreu como ele esperava, ao menos por enquanto.
Nesse processo, Doria comprou uma briga com o presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem apoiou no segundo turno da eleição de 2018, quando inclusive cunhou o slogan BolsoDoria.
Aliados do tucano afirmam que seus índices de popularidade tendem a melhorar nos próximos meses, em razão não apenas dos índices de vacinação no estado, que estão entre os mais altos do país, mas também do crescimento econômico acima da média nacional.
Além disso, Doria tem a seu favor um pacote de obras anunciado em setembro, com investimento de R$ 47,5 bilhões. A maior parte é na área de mobilidade urbana. Nesta sexta-feira (17), foi inaugurada a estação Vila Sônia da linha 4-amarela do metrô, em São Paulo.
O governador, como era esperado, consegue índices de aprovação melhores entre os entrevistados que se dizem simpatizantes de seu partido, o PSDB. No grupo dos tucanos, 45% avaliam a gestão como sendo boa ou ótima, mas uma minoria expressiva, de 24%, diz que o governo é ruim ou péssimo. Para 32% dos tucanos, a gestão é regular.
Ele também vai relativamente bem entre os que se dizem propen sos a votar no ex-governador Geraldo Alckmin, seu antigo padrinho político, para o Governo de São Paulo. Isso apesar do rompimento político entre os dois.
Alckmin, que acaba de sair do PSDB após 33 anos, avalia uma nova candidatura ao Palácio dos Bandeirantes em 2022, mas também poderá ser vice na chapa presidencial encabeçado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele tem convites de diversos partidos, como PSB, PSD e Solidariedade.
Segundo o Datafolha, 31% dos que declaram intenção de votar no ex-governador avaliam positivamente a gestão Doria, ou 7 pontos percentuais a mais do que no conjunto dos eleitores. Da mesma forma, 27% dos alckmistas reprovam Doria, 11 pontos a menos do que no total da amostra.
Já entre os que pretendem votar em Garcia para o Governo de São Paulo, Doria também é mais bem avaliado do que na média, recebendo índices de aprovação que vão de 32% a 36%, dependendo do cenário pesquisado. Já a desaprovação fica entre 28% e 34%.