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Trump ataca a Síria, apoiado por Reino Unido e França

sábado 14 de abril de 2018 às 07:15h

O presidente Donald Trump anunciou na noite desta sexta-feira um ataque militar à Síria, em represália ao suposto ataque com armas químicas lançado no último sábado contra Douma, na região de Ghouta Oriental, subúrbio de Damasco. Os Estados Unidos e vários países ocidentais culparam o regime de Bashar al-Assad pelo ataque.

Segundo o secretário da Defesa americano, James Mattis, o ataque foi único, “preciso” e limitado a alvos relacionados ao que seria o programa de armas químicas do regime de Assad. Afirmou que se procurou reduzir o risco de envolvimento de forças da Rússia, que apoiam Damasco.

Em pronunciamento pela TV, Trump disse que os ataques tiveram o apoio militar da França e do Reino Unido. Ele se dirigiu diretamente ao Irã e a Rússia, que apoiam o governo de Bashar al-Assad, e perguntou “que tipo de nação quer estar associada diretamente com matanças massivas de homens, mulheres e crianças”.

— A pergunta que eu faço ao Irã e e à Rússia é que nação quer estar associada a um regime que mata mulheres, crianças e homens de forma massiva? Em 2013 Putin prometeu ao mundo que iria acabar com os ataques químicos na Síria e fracassou. Talvez possamos agir junto com Rússia.

O ataque americano vem em um momento em que, com apoio militar da Rússia e do Irã, o governo de Assad havia assegurado o controle dos principais centros populacionais da Síria. A retomada de todo o território de Ghouta Oriental, nesta semana, havia marcado uma vitória do regime — no entanto eclipsada pelas ameaças dos Estados Unidos e seus aliados.

Os alvos do ataque

Logo depois do anúncio de Trump, seis explosões foram ouvidas em Damasco, onde eram 4h da madrugada. O ataque aconteceu a partir de navios e aviões de combate, que não entraram no espaço aéreo sírio, segundo a emissora CNN. Segundo a agência Reuters, foram usados mísseis de longo alcance Tomahawk. Os alvos, segundo Mattis, foram um centro de pesquisa em Damasco e duas instalações que serviriam para estocar armas químicas em Homs, uma das quais guardaria estoques de gás sarin.

Mais cedo, a agência Reuters havia informado que havia divergências entre Trump e James Mattis, seu secretário da Defesa. Enquanto Trump queria uma ofensiva mais ampla, Mattis sugeria um ataque de menor escala, semelhante ao que já foi lançado pelos Estados Unidos no ano passado, quando houve outra denúncia de uso de arma química e 58 mísseis foram lançados contra alvos militares sírios. A divergência se refletiu na forma com que o ataque foi anunciado: enquanto Trump descreveu uma ofensiva “sustentada”, sugerindo que o ataque poderia durar mais tempo, Mattis, em entrevista coletiva, deixou claro que era um ataque concentrado e, em princípio, já foi concluído.

— Restringimos o ataque a alvos ligados a armas químicas. Não estamos pretendendo expandir isso; fomos precisos e muito proporcionais. Ao mesmo tempo, foi um ataque pesado —, disse Mattis.

 

A duvidosa denúncia do ataque químico

O suposto ataque químico foi denunciado no sábado pelos Capacetes Brancos, serviço de defesa civil que atua em áreas da Síria sob controle de grupos armados da oposição a Assad, e pela Associação Médica Sírio-Americana, formada por opositores de Assad nos Estados Unidos. Tanto Assad quanto a Rússia haviam negado a autoria do ataque, e inspetores da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq) deveriam chegar neste sábado à Síria para recolher material no local do suposto ataque e analisá-lo, de maneira a confirmar ou não ou uso de armas químicas.

Como as ameaças de ataque de Trump vinham ocorrendo desde segunda-feira, o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora o conflito, havia relatado que os militares sírios haviam transferido armas e equipamentos para bases russas no país. Os Estados Unidos também têm cerca de 2.000 soldados e forças especiais na Síria, mas eles estão localizados na região curda, próximo à fronteira com a Turquia e o Iraque, onde apoiam as Forças Democráticas Sírias (FDS), coalizão liderada pela milícia curda YPG, que combate o Estado Islâmico.

 

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