Ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (PL), Ricardo Salles terá impacto na estratégia a ser definida pelo Novo para a campanha ao governo de São Paulo.
Salles, que foi expulso do partido no ano passado, é o primeiro suplente da bancada paulista do Novo na Câmara. E um dos deputados do partido é o pré-candidato do Novo para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes: Vinicius Poit. Caso ele decida por se licenciar para fazer campanha, Salles poderá ter uma cadeira na Câmara.
Presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro disse ao UOL que a decisão de Poit se licenciar ou não do cargo deverá ser tomada mais perto do início da campanha. “Isso já estava na equação quando fizemos o processo do Vinicius”, comentou. “Falamos da dificuldade que seria ele conciliar uma campanha com o mandato de deputado federal. E ele está plenamente ciente disso.”
“Não gostaríamos”
O Novo, porém, não deseja ver Salles na Câmara, mesmo que temporariamente. O ministro foi expulso do partido por ter tomado atitudes divergentes em relação a programas do Novo.
No pedido de expulsão, houve a alegação de que, no ministério, ele desdenhava de dados científicos, demitia profissionais qualificados e revogava políticas públicas, o que causaria danos à “imagem do Novo”. O partido já reclamava que o ex-ministro não participava do cotidiano do Novo.
“Salles se demonstrou como uma pessoa que tem um projeto pessoal acima do Novo. Inclusive, foi uma das principais razões que levou à expulsão dele”, disse Ribeiro. “Não gostaríamos que ele seja representante da Câmara.”
Procurado, Salles disse que não gostaria de se manifestar sobre assuntos internos do Novo. O ex-ministro deve participar da eleição do ano que vem disputando algum cargo ao Legislativo, provavelmente ao Senado, mas com a possibilidade em aberto de concorrer a deputado estadual ou federal. Ele deverá fazer parte do palanque de Bolsonaro em São Paulo. A tendência é que o ex-ministro siga o presidente e se filie ao PL.
Suplente sem partido
Mesmo tendo sido expulso do Novo, Salles ainda pode entrar na Câmara porque ele tem o “diploma de suplente”, explica a servidora da Justiça Eleitoral Michelle Pimentel, membro da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político). “A Casa legislativa chama quem tem o diploma”, explica, isso sendo independente de o político ter sido expulso ou não.
O Novo avalia que talvez não seja necessário que Poit se licencie do cargo caso o ritmo dos trabalhos na Câmara seja diminuído durante o período de campanha, o que geralmente acontece. Ficar sem as responsabilidades do mandato, porém, ajudariam o deputado a tentar se tornar mais conhecido no estado.
Em pesquisa do Datafolha de setembro, Poit aparecia com 1% das intenções de voto e era rejeitado por 16%, um dos índices mais baixos, o que também demonstra um desconhecimento da população a seu respeito. Políticos mais tradicionais, como Geraldo Alckmin (PSDB), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), oscilam na casa dos 30%. Atualmente, Poit tem percorrido o estado mais nos finais de semana para falar de sua pré-candidatura.