O presidente Ricardo Alban foi reconduzido à presidência da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). Ele concorreu em chapa única e permanecerá no cargo até 2026. Este será o terceiro mandato dele à frente da entidade, que reúne 44 sindicatos da indústria. Além da FIEB, Ricardo Alban também assumiu a presidência do conselho do Serviço Social da Indústria (SESI Bahia), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Bahia), do Instituto Euvaldo Lodi (IEL Bahia) e do Centro das Indústrias do Estado da Bahia, o CIEB. A eleição da nova diretoria representou uma renovação de 50% no quadro de vice-presidentes e de 30% na formação da nova diretoria, mantendo a participação de todos os sindicatos que compõem a FIEB. São oito vice-presidentes, 18 diretores e 12 suplentes. Nesta entrevista, Ricardo Alban detalha quais são as principais preocupações do setor industrial para os próximos quatro anos e quais são as prioridades da sua gestão.
O senhor foi reeleito para mais quatro anos à frente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Com que perspectiva o senhor inicia esta nova gestão?
Na verdade, o que eu gostaria de dizer é o quanto são importantes hoje, para toda representação de classe, a convergência e a união. Isso é o mais importante. As dificuldades são muito grandes e nós já somos poucos. Se não nos unirmos, seremos ainda menores em representatividade.
O senhor concorreu em chapa única. A Federação vive um momento diferenciado de mais integração?
Eu diria que estamos fazendo uma nova gestão na qual todos os 44 sindicatos estão participando, por isso essa chapa única. E estamos reforçando o mesmo conceito que tem norteado a última gestão nossa: que é buscar a união de todos e a convergência, montando uma equipe profissional que, felizmente o Sistema FIEB tem, com uma veia muito competente de entregas e resultados que são reconhecidos, não só localmente, como nacionalmente. Vamos manter essa toada, este rumo, buscando cada vez fazer mais e mais, dentro desse norte de contribuir para novos vetores de desenvolvimento econômico e industrial do estado.
Quais são os vetores de inovação que vão demandar atenção especial da Federação e de suas entidades?
Temos o foco de atuar para desenvolver avanços tecnológicos no campo das energias renováveis, mas também em tecnologia industrial na área de saúde. Criamos, no SENAI Cimatec, o Instituto de Saúde (Instituto SENAI de Sistemas Avançados de Saúde) que é coordenado pelo médico infectologista Roberto Badaró, para que possamos criar dinâmica da indústria da saúde na Bahia.
No Instituto de Saúde, hoje, temos um grande cartão de visitas, que é a vacina de RNA mensageiro, única vacina de alta tecnologia que hoje está sendo analisada no Brasil. Estamos na primeira fase de testes. A segunda fase já foi aprovada pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) e devemos começar em seguida. E a terceira, que está em fase de edital, estamos buscando os parceiros para garantir a produção.
Ultrapassando todos esses desafios, a gente terá uma grande vantagem tecnológica, que é uma plataforma de RNA. Ela poderá ser usada para uma série de medicamentos biológicos com vários fins, inclusive oncológicos e é nisso que queremos dar uma amplitude na área de saúde.
E além destas duas frentes? Quais são os demais pontos de atenção da sua gestão em relação à indústria?
Outra iniciativa que também está no nosso radar é a concepção de uma pista de testes automotivos, no SENAI Cimatec Park, unidade avançada de pesquisa, em Camaçari. Já temos a confirmação e sinalização do governador do Estado, Rui Costa, de contribuir para que este investimento se concretize.
A proposta é implantar uma pista de testes que funcione como um diferencial para atender os novos parâmetros que a indústria automobilística mundial vai demandar. Isso será um fator decisivo para esse rearranjo que fatalmente acontecerá no setor automobilístico, quer seja com o uso de células de hidrogênio para carro elétrico, quer seja com carros híbridos ou carros autônomos. Uma pista dessas para testes não existe na América Latina e seria fundamental para novas tomadas de decisões para a indústria do setor.
As entidades do Sistema Indústria têm forte papel e expertise na capacitação de mão de obra especializada para atuar na indústria. Em que sentido, sua nova gestão está contemplando ações neste sentido?
Estamos conversando sobre já começar com os cursos de EAD profissionalizantes, em parceria com o governo do estado, para atender mais de 100 mil alunos. Nós precisamos e pretendemos dar muita contribuição à educação do Estado da Bahia, que carece de uma melhoria urgente.
Temos também todo o projeto para a FIEB, para que ela possa cada vez mais ser uma representante de classe e contribuir não só para o desenvolvimento industrial como também para o desenvolvimento social, pois nós precisamos de um mercado com potencial de consumo e de gerar trabalhadores preparados para enfrentar este ciclo de desafios que estão postos. Certamente é um ciclo, mas vamos ter algum momento de retomada firme da economia e vamos ter que lidar com duas carências: a energética e a de mão de obra capacitada.