Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Guilherme Boulos criticou duramente nesta segunda-feira as chamadas emendas de relator, que viabilizaram um Orçamento secreto para garantir apoio no Congresso ao governo Bolsonaro. Entrevistado desta semana da revista Veja no Amarelas On Air, Boulos condenou veementemente a articulação do governo e defendeu uma união da esquerda em 2022.
Questionado se o modelo de articulação política governo não remete à compra de votos e ao mensalão, Boulos disse que o modelo atual é ainda pior. “É a compra de apoio inflacionada. Nunca o Orçamento da União foi tão retalhado como está sendo agora. O Bolsonaro é o presidente, na história republicana do Brasil, que mais esteve no colo do centrão. O Arthur Lira é o primeiro-ministro do País, este é o fato.” Para ele, “Lira loteou o Orçamento do União”, assegurando ao centrão o comando do País.
A liberação das chamadas emendas de relator se tornou peça-chave do governo para aprovar a PEC dos Precatórios, proposta de emenda à Constituição que dribla o teto de gastos e abre espaço no Orçamento para a criação do Auxílio Brasil, programa social que vai substituir o Bolsa Família. Embora defenda a transferência de renda como mecanismo essencial para criar demanda em momentos de crise, Boulos diz ver em Bolsonaro uma ação claramente eleitoreira.
“Claro, quem tem boca diz o que quer. Agora dizer que o Bolsonaro é contra a desigualdade social é uma piada de mau gosto. Olha o quanto a desigualdade social no Brasil aumentou durante os anos de governo dele. As pessoas tem que ter coerência e responsabilidade com aquilo que falam. Quando a esquerda governou, a desigualdade diminuiu”
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air inspirou-se nas tradicionais Páginas Amarelas, que estampam semanalmente a edição impressa de Veja.