O BNDES vai começar a comprar no ano que vem créditos de carbono com o objetivo de estimular a estruturação do mercado desse ativo ambiental no país, disse à Reuters o diretor do banco de fomento Bruno Laskowsky.
A iniciativa está ganhando corpo no banco e deverá passar pelo conselho de administração ainda este mês, acrescentou o executivo, enquanto se realiza na Escócia a conferência climática COP26.
Ele mencionou que o BNDES está disposto a gastar “centenas de milhões” de reais para ajudar no desenvolvimento desse mercado, no qual o banco também seria um “market maker”.
“Acreditamos que quando o BNDES compra é um ‘call’ para o mercado. É o selo de qualidade do BNDES “, argumentou Laskowsky, diretor de Participações, Mercado de Capitais e Crédito Indireto do banco.
“Quem tem floresta para preservar é o Brasil, e achamos que esse negócio tem uma potência incrível. Acho que os privados vêm, e temos ótimas conversas nesse sentido”, ressaltou.
A expectativa do executivo é que a primeira operação já seja sacramentada na primeira metade de 2022.
“Queremos fazer algumas operações já em 2022, operação de botar dinheiro nesse negócio”, disse o diretor do BNDES.
Nesse pontapé inicial, a instituição vai apostar em duas frentes: projetos que evitem o desmatamento e projetos de reflorestamento.
“Normalmente, quem está numa área verde tem a tentação da sua subsistência. Ele planta e quer ter um pouco de pecuária. Para esse cara não desmatar, você tem que garantir para ele que o benefício de manter a floresta em pé é equivalente ou melhor… Por isso é fundamental fomentar esse mercado”, acrescentou.
“Vamos botar capital nesse crédito de carbono, e o BNDES vai ser ‘market maker’ do modelo de crédito de carbono voluntário”, destacou, frisando que hoje quem desenvolve um projeto de carbono não sabe se vai ter preço e comprador.
Ele opinou que as grandes empresas, que são compradores desse carbono, têm receio porque não sabem se o crédito comprado vai dar os benefícios que ela espera ter.
O banco já está monitorando de perto projetos mais viáveis de venda de crédito de carbono e que já têm certificados emitidos pelas empresas certificadoras.
O BNDES também tem conversado com os principais desenvolvedores de empreendimentos dessa natureza para apoiar novas iniciativas, revelou.