Em turnê pela Europa desde o final de setembro, Gilberto Gil deu uma longa entrevista ao site Franceinfo Culture neste domingo, (“Falando um francês perfeito”, segundo o portal). O assunto foi muito além da música e de seus shows, que até o próximo dia 7 percorrerão sete países do continente: a pandemia do coronavírus e a forma como o governo Bolsonaro vem lidando com a crise sanitária foram tópicos frequentes no bate-papo.
“Eu estava acompanhando de perto a evolução da situação, do lado da ciência, da medicina, da pesquisa… Fui paciente, esperei, esperei. Depois, foi algo da ordem de se acostumar com essa situação, com as dificuldades do dia a dia”, disse Gil, ao ser perguntado sobre como vivenciou a pandemia no Brasil.
A pergunta seguinte foi direta: “Você já sentiu raiva do presidente, do governo e da forma como lidou com a crise de saúde?”. E o cantor: “Raiva pessoal, eu não sentia. Porque eu não esperava mais nada deles. Eu já sabia que eles eram loucos. Não sentem um interesse profundo pela Nação, pela sociedade … É difícil, faltam-me as palavras.”
O isolamento do presidente (e, consequentemente, do país) no cenário político internacional também foi uma questão abordada pelo site de notícias. Gil então comentou que o entusiasmo despertado pelo Brasil na comunidade internacional se desfez. Acabou – mas, para ele, não se trata de um fenômeno local. “Não diz respeito apenas ao Brasil. Ver esse tipo de direita louca no poder, que promove a ideia de violência e conflito, é um problema geral e recente que o planeta está passando.”