Envolvido em uma série de escândalos que culminou em sua renúncia, o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo foi acusado criminalmente nesta quinta-feira (28) por uma ofensa relacionada a crime sexual. A queixa foi apresentada no Tribunal da Cidade de Albany, a capital do estado.
Segundo o New York Post, citando fontes do governo, ele pode ser preso já na próxima semana por acusação de ter assediado uma ex-assessora. Se de fato condenado, ele seria registrado como um agressor sexual, e um juiz teria que decidir sobre o possível risco de ele cometer outros crimes sexuais.
“Como se trata de um crime sexual, a queixa redigida estará disponível em breve”, disse um porta-voz do Judiciário nova-iorquino, em comunicado.
Uma cópia da queixa obtida pela NBC afirma que Cuomo cometeu o crime na residência oficial do governador na tarde de 7 de dezembro do ano passado.
“Na data e local supracitados, o réu Andrew M. Cuomo colocou intencionalmente, e sem propósito legítimo, sua mão sob a camisa da vítima e em sua parte corporal íntima”, diz a cópia da queixa
O ex-governador renunciou em agosto antes de um possível impeachment pela Assembleia de Nova York, após uma investigação comandada pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, concluir que ele assediou sexualmente 11 mulheres e supervisionou uma tentativa de vingança contra uma das mulheres que denunciou as práticas.
Após a publicação do relatório de 168 páginas que detalhava as alegações, Cuomo passou a sofrer enorme pressão de importantes aliados democratas para deixar o posto, entre eles o presidente Joe Biden e a líder da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi. Os líderes da Assembleia Estadual também já haviam começado a redigir artigos de impeachment e pareceriam ter apoio suficiente para conseguir retirá-lo do cargo.
O relatório da procuradora levou até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a sugerir a demissão do governador.
No documento, Cuomo é acusado de ter beijado, apalpado e abraçado as mulheres sem consentimento, além de ter feito comentários inapropriados em conversas com elas. O democrata nega todas as acusações.
A partir de depoimentos de 179 testemunhas e dezenas de milhares de documentos, o relatório também afirma que o gabinete do governador era um ambiente de medo de intimidação, formando um ambiente de trabalho hostil para muitos funcionários. Cuomo teria assediado sexualmente membros de seu próprio gabinete assim como outros funcionários públicos, incluindo uma policial, e membros do público, alega o relatório.
Durante discurso de renúncia, Cuomo citou um “golpe político” e afirmou que o relatório foi “elaborado para ser um explosivo político sobre um tópico explosivo”.
“Houve uma debandada política e midiática. Mas a verdade será revelada com o tempo, tenho certeza”, disse.
Durante o discurso, o governador recordou, mais uma vez, o que tem sido o seu mantra desde que as acusações surgiram: que as denúncias “não são fundamentadas em fatos”.