O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, é comparado segundo a coluna de Lauro Jardim, no O Globo, a Pôncio Pilatos em nota na qual a Comissão Arns manifesta “espanto e indignação” diante da postura dele a favor do uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.
Antigo governador da província romana da Judeia, Pilatos ficou conhecido na tradição cristã por ter “lavado as mãos” diante do julgamento de Jesus Cristo, mesmo sem plena convicção de que o messias teria cometido os crimes dos quais era acusado.
Para o grupo, Ribeiro se exime de responsabilidade ao reiterar que o CFM “nada recomenda”, apenas “liberou o uso das drogas”. Além disso, os signatários da nota consideram que, em vez de garantir a autonomia médica, a autarquia incentivou a classe ao erro, por motivações políticas e sem critérios científicos.
O texto da fundação Arns é assinado por intelectuais, como os filósofos Sueli Carneiro e Vladimir Safatle, e ainda os ex-minitros José Carlos Dias e José Gregori (Justiça), Luiz Carlos Bresser-Pereira (Fazenda), Paulo Vanucchi e Paulo Sérgio Pinheiro (Direitos Humanos).
Na mensagem, é dito ainda que a eventual responsabilização do CFM na Justiça Federal, a pedido da Defensoria Pública da União (DPU), poderá fazer justiça aos milhares de brasileiros mortos pela Covid, bem como profissionais de saúde que seguem na linha de frente contra a doença.