O vice-presidente Hamilton Mourão criticou nesta quarta-feira (13) conforme o Estadão, sobre a demora do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), em pautar a sabatina do indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça. Na sua chegada ao Palácio do Planalto, o vice-presidente, no entanto, revelou ter outro nome para a Corte: o desembargador Thompson Flores, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). “A minha indicação o presidente não quer”, disse o general a jornalistas.
Na avaliação de Mourão, Alcolumbre erra ao não pautar a indicação de Mendonça. “Acho que não está correto isso aí. Acho que o senador Alcolumbre deveria cumprir a tarefa dele como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, botar o nome para ser votado e acabou. Se for aprovado muito bem, se não for muito bem também, é o papel do Senado, confirmar ou não a indicação do presidente da República”, afirmou. Cabe ao presidente da CCJ do Senado definir a data da sabatina. A indicação aguarda encaminhamento na comissão há quase três meses.
No domingo, Bolsonaro já havia reclamado do comportamento de Alcolumbre. “(O senador) teve tudo o que foi possível durante os dois anos comigo e, de repente, ele não quer o André Mendonça”, afirmou no Guarujá, onde passou o feriado prolongado. “Quem pode não querer é o plenário do Senado, não é ele… Ele pode votar contra, agora, o que ele está fazendo não se faz. A indicação é minha. Se ele quer indicar alguém para o Supremo, indica dois. Ele se candidata a presidente ano que vem e, no primeiro semestre de 2023, tem duas vagas para o Supremo.”
Resistente ao perfil lava-jatista do ex-ministro da Justiça, sobretudo após seu distanciamento do governo, Alcolumbre “sentou em cima” da indicação de Mendonça, mas já sinalizou a aliados que pode marcar a sabatina nas próximas semanas. Evangélicos têm pressionado o senador a tomar uma decisão. Na segunda-feira, o pastor Silas Malafaia cobrou publicamente ministros do Centrão, como Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, a defenderem a indicação de Mendonça, escolhido por Bolsonaro por ser “terrivelmente evangélico”.
Distante de Bolsonaro, Mourão afirmou nesta quarta-feira que tem um plano B para o STF, o desembargador Thompson Flores. A indicação do vice-presidente, contudo, teria sido rejeitada pelo chefe do Executivo. “O presidente tem conhecimento da competência técnica e profissional do desembargador, mas o presidente tem outras variáveis que leva em consideração nessa decisão”, declarou o vice-presidente.
O general voltou a tecer críticas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que nesta semana desistiu de ouvir, mais uma vez, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e confirmou que não estará na comitiva do governo na Cúpula do Clima (COP 26) das Nações Unidas, em Glasgow, na Escócia.
Como mostrou o Estadão/Broadcast Político no sábado, Bolsonaro deixou Mourão de fora da desejada chefia da delegação brasileira na COP. A tarefa ficará a cargo do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. “Não estou previsto para ir à COP 26. Acho que nem o ministro de Relações Exteriores [Carlos França] está indo”, afirmou Mourão.