O líder do PP no estado, o vice-governador da Bahia, João Leão, defende em entrevista ao jornal Tribuna sobre a união entre os partidos para arrefecer a crise política que toma conta do Brasil. O gestor também teme que a polarização atinja a Bahia na eleição de 2022. “A Bahia não pode ficar de um lado vermelho e do outro verde. Aqui os azuis, que são as cores do meu partido, poderiam equilibrar esse jogo. Você não ser brigado com ACM Neto e com os deputados do DEM e nem com o PT e os deputados do PT. Convocando todos para puxarem a corda do mesmo lado. Acabou a eleição, acabou”, avalia.
Leão afirma na entrevista que mantém a pré-candidatura ao Governo da Bahia. E ele sonha alto: “O meu sonho é uma composição com o Partido dos Trabalhadores para o Senado. E eu acho que tenho esse direito de sonhar dessa maneira. É uma composição sendo João Leão candidato a governador, um vice indicado pelo PSD e o governador Rui Costa como senador. Aí é primeiro turno, de novo”. Ainda na entrevista, Leão faz um balanço da cena política no Brasil e afirma não acreditar na ida do presidente Jair Bolsonaro para o PP.
Confira abaixo a entrevista:
Tribuna – A gente está observando uma conjuntura um pouco mais calma, as instituições parecem estar mais tranquilas e o presidente também. Qual a sua expectativa para 2022? Acha que daqui para a frente pode esquentar mais na disputa eleitoral?
João Leão – Na minha ótica, se essa política continuar dessa maneira, o país vai para o caos. A primeira coisa que tem que haver é respeito de ambos os lados. Entendeu? Porque hoje está uma falta de respeito que é uma coisa impressionante. Eu, como sempre fiz uma política sadia, que não xingo ninguém e não falo mal de ninguém… minha política é diferente. O que acontece hoje são os políticos uns destratando os outros. E essas pessoas vão perdendo a credibilidade junto à população.
Tribuna – E a política pressupõe respeito para que haja um entendimento e consenso, né?
João Leão – Exato. O cara não é inimigo, é adversário político.
Tribuna – O senhor se refere a qual falta de respeito especificamente?
João Leão – Um cara xingando o outro e tal. Umas observações de você pegar as pessoas e menosprezá-las. É uma questão de educação.
Tribuna – Quais são os principais projetos que o senhor está tocando na Seplan? Está otimista com a vacinação? Temos visto uma queda no número de internações. É possível garantir uma retomada econômica maior a partir do ano que vem?
João Leão – Os principais projetos que estamos tocando, em execução, é a Ponte da Barra na Região do São Francisco. Foi um projeto elaborado pela nossa equipe, quando eu estava na SDE. É até uma história engraçada e interessante, porque a Ponte da Barra tem 1037 metros de extensão. Nós aproveitamos uma outra ponte que já estava pronta. Essa ponte é uma PPP. Esse projeto não custou absolutamente nada para o Estado da Bahia. Foi custo zero. E a PPP sai da Barra e vai até Xique-Xique, de lá vai para Irecê, de lá vai a Morro do Chapéu, de lá vai para Ipirá e de Ipirá vai a Feira de Santana. Isso tudo foi feito com criatividade. Outra grande obra que estamos realizando, que é coordenada pelo Estado através da SDE e Seplan, onde estamos implantando 11 usinas de açúcar e álcool. A primeira usina começa a agora em novembro. É uma usina de dois milhões de toneladas de cana, que vai gerar cinco mil empregos diretos. É uma usina do porte da Agrovalle, que fica em Juazeiro. Estamos iniciando já outra no município de Barra. Já começaram as obras. E temos outra que vai começar. Qual é o objetivo disso? A Bahia importa 85% do seu álcool e 85% do seu açúcar. Vamos ser autossuficientes nesse processo.
Tribuna – Recentemente o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, falou que a Ponte Salvador-Itaparica está demorando demais para sair do papel. O que o senhor responderia? E em que pé está o projeto?
João Leão – Não quero ter polêmica com o ex-prefeito ACM Neto. Não é meu interesse ter polêmica com ele. Agora, o avô dele levou 20 anos no governo, e também com outros companheiros que entraram, que poderiam ter feito, né? Eles levaram 30 anos comandando a Bahia. Nós já iniciamos a obra, fazendo as sondagens, a batimetria da ponte toda… Nós não iniciamos essa ponte porque, infelizmente, tivemos uma pandemia. Nós não poderíamos ter três mil pessoas trabalhando do lado de Salvador e outras três mil do lado de Itaparica e outras mil e quinhentas. Isso seria irresponsabilidade nossa, do governo, fazer uma aglomeração quando era proibido ter.
Tribuna – Como viu essa recente fusão do PSL com o DEM? O senhor acredita que esse novo partido irá conseguir lançar um candidato competitivo à Presidência?
João Leão – Eu vi inclusive agora nos jornais que Bolsonaro estaria indo para a União Brasil, esse novo partido. Então, não sei como é que fica uma chapa Bolsonaro à Presidência, Neto como governador e João Roma como senador.
Tribuna – Então o senhor acredita que Bolsonaro não retornará ao PP?
João Leão – Não sei, rapaz. Não posso lhe dizer que seria ou não seria. Estão dizendo que ele vai vir para o PP, para o PTB de Roberto Jefferson e para o União Brasil de ACM Neto. Não sei.
Tribuna – O senhor ainda está com o plano de lançar sua candidatura ao Governo da Bahia?
João Leão – O meu sonho é uma composição com o Partido dos Trabalhadores. E eu acho que tenho esse direito de sonhar dessa maneira. É uma composição sendo João Leão candidato a governador, um vice indicado pelo PSD e o governador Rui Costa como senador. Aí é primeiro turno, de novo.
Tribuna – Na sua avaliação, quais serão os principais desafios do próximo presidente da República?
João Leão – Primeiro, unir o Brasil. Você não pode ter um país dividido ao meio. Hoje você tem 33% do país que é ligado a Bolsonaro. Tem outros 33% que são ligados ao PT. E tem outros 33% que não acreditam em nem um e nem outro. Então, a principal função do próximo presidente do Brasil é fazer uma unidade. Ser presidente do Brasil e não presidente de uma determinada ala do Brasil.
Tribuna – E os desafios do próximo Governador da Bahia?
João Leão – É muito parecida com essa explicação que eu dei para o Brasil. A Bahia não pode ficar de um lado vermelho e do outro verde. Aqui os azuis, que são as cores do meu partido, poderiam equilibrar esse jogo. Você não ser brigado com ACM Neto e com os deputados do DEM e nem com o PT e os deputados do PT. Convocando todos para puxarem a corda do mesmo lado. Acabou a eleição, acabou. João Leão se elegeu governador, vou puxar a corda e chamar todo mundo para puxar junto. Diálogo e unidade no sentido de que se tire a Bahia do atraso de anos, anos e anos. Temos coisas na Bahia que precisamos melhorar. Substancialmente é a Educação no Estado. Rui Costa deu um show na área da Saúde. Precisamos melhorar a infraestrutura, fazer geração de emprego, renda e receita no Estado para poder aplicar mais na Educação, na infraestrutura, na Polícia Militar e etc.
Tribuna – Como ficaria o seu partido na Bahia caso Bolsonaro se filie a ele?
João Leão – Se Bolsonaro se filiar ao DEM, pode ser um problema de ACM Neto. Se filiar ao PTB, não sei de quem será o problema. Mas no meu partido, não vejo possibilidade de Bolsonaro vir para ele. Não posso trabalhar com hipótese.
Tribuna – Caso seja eleito, qual será a sua principal bandeira?
João Leão – Eu luto por uma Bahia cada vez mais desenvolvida. Temos uma receita muito grande na Região Metropolitana de Salvador, que dá 72% da receita – mais 5% do Litoral Norte e mais 5% de Feira de Santana. Então, você tem 82% de receita concentrada numa área territorial de 4,3% do território baiano. Temos que desconcentrar essa riqueza e levar para o interior. Essa é a minha política e esse é o meu propósito.