Cada um à sua maneira, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogam segundo a revista Veja, o mesmo jogo: falam apenas para quem os aplaude. Ignoram os críticos e agem como se denúncias lançadas sobre seus respectivos governos não lhes dissessem respeito.
Jair Bolsonaro declara pelo mundo afora que seu governo é livre de corrupção. Faz semanalmente sua performance na live de quinta-feira, fala para os apoiadores do cercadinho no Palácio da Alvorada e, de tempos em tempos, chama uma manifestação onde faz um discurso entusiasmado para sua base mais aguerrida. Como aconteceu no 7 de setembro.
Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá entrevistas a rádios regionais, participa de podcasts com influenciadores com os quais tem afinidade, se reúne com sindicatos e assim por diante. Hoje, por exemplo, discursou para catadores em Brasília. Ontem, estampou a capa do jornal francês Libération, ao qual declarou que “Bolsonaro não quer deixar o poder, mas o povo decidirá de outra forma”.
Lula e Bolsonaro se blindam das críticas e, por enquanto, se empenham em consolidar seu desempenho naqueles setores do eleitorado que já os apoia. A questão é que ambos dependem de mais do que isso para vencer a eleição de 2022. E, dadas as elevadas taxas de rejeição que ostentam nas pesquisas de intenção de voto, talvez o melhor fosse agir desde já.