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domingo 3 de outubro de 2021 às 07:33h

Cooperativa na Bahia vai exportar café para China e Canadá

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A Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região (Cooperbac), localizada em Barra do Choça, a cerca de 500 Km de Salvador, se prepara para dar novos passos em sua trajetória. Além de lançar na próxima terça-feira (24) sua linha de café gourmet, a cooperativa está prestes a enviar sua primeira remessa de café para a China, que através de um contrato firmado com a Câmara Chinesa permitira a comercialização de 20 toneladas do café Cooperbac arábica moído.

Com torra clara, 100% arábica, cultivado em altitudes que variam de 900 a 1.100 metros, de maneira sustentável, e que possui o Selo de Identificação da Agricultura Familiar da Bahia (SIPAF), o café é conhecido na região por ser uma bebida com sabor suave, cremosa, com aroma floral e acidez média.

Sua versão premium, inicialmente, será comercializado em grãos, em embalagens de 1 quilo, nos municípios de Vitória da Conquista, Feira de Santana, Serrinha, Juazeiro, Lauro de Freitas e em Salvador. A previsão é que, até o final de 2021, a cooperativa coloque no mercado a versão de grãos moídos, em embalagem de 250g.

O portal BNews conversou com a presidente da Cooperbac, Joara Silva de Oliveira, que contou como a coorperativa tem ajudado no desenvolvimento da região – que gera renda de forma direta e indireta para mais de nove mil pessoas – e os próximos passos com relação a produção e comercialização de café.

Conta um pouco da trajetória da Cooperbac e quantas pessoas atualmente são beneficiadas com as atividades desenvolvidas pela cooperativa.

Joara Oliveira: A Coperbac surgiu em 2007 e hoje conta com 324 agricultores no seu quadro social. Surgiu com o intuito de vender e agregar valor ao seu principal produto que é o café, apesar de trabalhar outras culturas hortifrutigranjeiro. Em 2010 realizamos o grande sonho de desenvolver a primeira marca que é Café Coorperbac, começamos terceirizando o café, só que existe os entraves quando a gente parte para a terceirização que é o limite que a empresa tem de fabricar o produto, a gente não tinha a garantia da qualidade, higienização, uma série de coisas, e aí a gente entrou no edital do programa Vida Melhor do governo do Estado, fomos contemplados e foi instalado na Cooperbac uma unidade de torrefação, moagem e empacotamento. Junto a isso o município de Barra do Choça foi certificado através da Fundação Banco do Brasil com o DRS da Cafeicultura, e fomos também, através de edital, contemplados com um beneficiador e classificador de café no mesmo período, então veio pra agregar a nossa unidade de torrefação, nessa época a gente produzia um pouco menos que 50 mil sacas de café e tínhamos 155 agricultores no quadro social, e foi a partir daí que começamos a abranger um quadro maior no mercado convencional, então começamos a trabalhar com dois tipos de mercado, convencional e institucional, nesse tempo a Cooperbac vem trabalhando com compra em conjunto  de insumos pra diminuir custos, inclusive com compras de alguns equipamentos pequenos.

BNews: De que forma o projeto Bahia Produtiva contribuiu com a melhoria do trabalho desenvolvido pela cooperativa?

Joara Oliveira: Entramos no projeto Bahia Produtiva do governo do Estado em 2017, conseguimos qualificar desde o campo até a nossa unidade. Instalamos através do projeto estufas para os produtores, exportadores, e esse não é só um projeto pra instalação de equipamentos, é um projeto de capacitação, tem plano de negócio que precisa ser seguido e a gente conseguiu qualificar alguns produtores. Conseguimos instalar um laboratório de degustação de café, hoje é um dos melhores laboratórios que existe nosso Estado, conseguimos nesse projeto criar uma nova marca de café, o café Coopercab, mas era uma bebida dura e a gente via a dificuldade de entrar no mercado porque tinham clientes que preferiam uma marca mais barata, foi então que através do projeto criamos a marca de café popular Tia Rege que uma bebida com a curva de torra mais elevada e a gente consegue alavancar mais as vendas do nosso café e com isso aumentar a renda dos produtores. Junto a esse projeto conseguimos adquiri uma máquina de café a vácuo porque quando a gente chegava aos mercados, principalmente atacadistas, a primeira coisa que eles perguntavam era se a gente só tem a linha almofada. Vimos então a necessidade de conseguir a outra linha e com essa capacitações a gente observa que é preciso se capacitar em comercialização observando a necessidade do cliente.

Além do Bahia Produtiva, a Cooperbac participou de algum outro projeto?

Joara Oliveira: Sim, veio outro projeto que foi essencial pra a sustentabilidade econômica da coorperativa, que foi o Aliança Produtiva. A primeira coisa que gente teve que fazer foi assinar contrato com uma empresa que se comprometesse em comprar parte da produção, assinamos com a JC café, uma das maiores exportadoras de café cru e junto a isso começamos a buscar outros parceiro. Vinculamos a Coorpebac a três associações pra gente comercializar, conseguimos aumentar a produtividade que era um pouco menos de 50 mil sacas, e com esses vínculos passamos a 280 mil sacas/ano, seguindo todos os parâmetros do plano de negócios, as metas, os objetivos, essas regiões que a gente vinculou. A Coorpercab tinha uma produção média por hectare de 30, 20 sacas de café  e nos encontramos regiões que estavam produzindo seis, e aí através de capacitação essas regiões estão começando a chegar em 20 sacas por hectare. Dentro do Aliança Produtiva instalamos estufas nas propriedades, estamos instalando um galpão com todo o layout pra manter a qualidade do café que o produtor pode armazenar o café pra vender com o preço melhor, além de conseguir registrar também a marca de café gourmet que vai ser lançado na terça-feira, é um café que atende um paladar mais exigente.

Como foi a assinatura de contrato com a Câmara Chinesa de Comércio?

Joara Oliveira: Na busca por novos parceiros a gente conseguiu se associar a Câmara Chinesa de Comércio. Estamos com o contrato em andamento, a princípio a gente assinou, e como é um projeto que está andando agora, a gente assinou um contrato de 20 mil quilos de café. Era para o primeiro container já ter saído desde o primeiro semestre mas devido a pandemia a gente encontrou alguns entraves de documentos, algumas burocracias, mas provavelmente agora nesse segundo semestre a gente embarca o primeiro container.

Nas embalagens dos cafés da Cooperbac conta o Selo de Identificação de Produtos da Agricultura Familiar (SIPAF), que atesta a origem dos produtos. A cooperativa está em busca de novas certificações?

Joara Oliveira: Sim, a Cooperbac conseguiu agora ser auditada IBD [Certificações] e provavelmente nós fomos aprovados para receber a certificação de orgânico, ou seja, que a gente pode fabricar um café orgânico. E já estamos com um projeto com 12 produtores que há mais de 15 anos não colocam produtos químicos, nem sequer o calcário. Com isso a gente vai poder industrializar esse café, inclusive já estamos com o processo de registro desse tipo de café. Tem uma iniciativa que faz parte do Bahia Produtiva que é o comércio justo pra gente receber uma certificação vai ajudar muito na questão da exportação, porque o comercio justo, o certificado mostra que aquela entidade trabalha de forma idônea e dá isenção de alguns impostos.

Há expectativa de comercializar o café para outros países?

Joara Oliveira: Existe perspectiva de comercializar café com o pessoal do Canadá, eles estão interessados em fazer a exportação do nosso café, esse é mais simples porque a gente entrega o café pra ele, no caso, como a gente já tem o armazém aqui, a gente entrega no armazém da Cooperbac e ele faz todo o processo, ou seja, totalmente sem ônus de documentação de exportação pra Coorperbac.

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