João Doria, Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta jantaram juntos na quarta-feira (29), na casa do empresário Caco Alzugaray, dono da Editora Três. Amigos à mesa, supostamente prontos para deixar seus projetos pessoais em segundo plano em nome de uma união. Segundo a coluna Radar, os três riram, brindaram, comeram e até ensaiaram um slogan conjunto para 2022, como mostrou a publicação. Um prenúncio da tão esperada terceira via, aquela que seria capaz de dissolver a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seria. Se não fosse um porém: ninguém ali joga em equipe neste momento.
É claro que a imagem de três nomes relevantes situados ao centro do espectro político em um jantar para discutir os rumos do País tem seus encantos. Remete à ideia de que o centro não está tão dividido assim. Quem tem chances de ganhar musculatura até a eleição. Mas, pelo menos neste momento, a cena é mais interessante para cada um deles, individualmente.
Prova disso é que houve quem falasse em convidar Michel Temer, que se lançou como o mais novo pacificador da República ao articular o recuo do presidente Jair Bolsonaro, após os atos de 7 de setembro. Seria uma forma de dar uma forcinha naquela aura de terceira via. Mas Temer acabou vetado da lista de convidados. Nenhum dos três queria passar a mensagem de que ex-presidente seria o articulador dessa união. Temer, por sua vez, fez circular por aí que não compareceria ao evento mesmo que tivesse sido chamado.
Para João Doria, o jantar de quarta é antes de tudo uma demonstração de força nas prévias tucanas, na qual tem como adversário o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Sentar-se à mesa com Moro e Mandetta sugere que o governador paulista seria capaz de atrair apoios não só dentro do partido, mas também fora dele.
Moro, por sua vez, mostra que está no jogo, ao contrário do que muita gente disse algum tempo atrás. O ex-ministro da Justiça passou as últimas semanas em um périplo para discutir a corrida presidencial. Disse que não decidiu se sairá candidato ou não. Mas avisou que, se o fizer, será para presidente. Nada de ser candidato a vice, nem senador.
Já Mandetta mostra que não é carta fora do baralho para o seu próprio partido. Desde que começou a se desenhar uma fusão do DEM com o PSL, alguns caciques do partido jogaram o ex-ministro da Saúde para escanteio e passaram a alardear a ideia de uma candidatura presidencial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).