Depois de atravessarem as primeiras ondas da Covid-19 com o maior número de mortos em todo o mundo (687 mil no total), os Estados Unidos têm sua recuperação econômica ameaçada pela variante delta. Especialistas enfatizam a desaceleração da retomada, mas acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano seja positivo – em 2020, houve queda de 3,5%, segundo o Departamento de Comércio, a maior desde 1946.
Segundo o New York Times, a economia americana sofre um duplo golpe: a variante delta aliada à redução de incentivos financeiros. O Programa de Proteção Paycheck, que distribuiu centenas de bihões de dólares em concessões e empréstimos a milhares de pequenas empresas, foi encerrado em março deste ano por decisão da Corte Suprema. O presidente Joe Biden tentou sem sucesso prorrogar o auxílio.
O jornal ainda estima que 7,5 milhões de desempregados perderam benefícios com o fim dos incentivos.
O Federal Reserve, banco central dos EUA, indicou na última quarta-feira (22) que iria interromper o pagamento de estímulos no mês de novembro.
Embora economistas de Wall Street aguardam o fim do mês para consolidar a expectativa de um crescimento econômico mensal anêmico, alguns argumentam que vêem força na economia. Poucos acreditam que a economia caminha a uma nova recessão.
“Houve uma desaceleração clara, mas eu enfatizaria a desaceleração em vez da recessão”, afirma Jay Bryson, economista chefe da Wells Fargo, ao NYT.
“Acho que devemos nos preocupar com a possibilidade de que a recuperação enfraqueça ainda mais e que o apetite para implementar mais estímulos fiscais tenha diminuído”, defende Karen Dynan, professora de Harvard e funcionária do Tesouro no governo Obama.
“O outono será mais lento para todos nós porque retiramos o apoio. Haverá uma desaceleração do mercado de trabalho, e serão os trabalhadores negros e pardos que terão que lidar com isso”, declarou William Spriggs, professor de Harvard e economista chefe da Federação Americana de Trabalho e Organizações Industriais.