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quinta-feira 16 de setembro de 2021 às 07:52h

Clientes do ‘faraó dos bitcoins’ relatam atrasos nos pagamentos, e empresa responsabiliza bloqueios de contas pela Justiça

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Clientes da GAS Consultoria, empresa de Glaidson Acácio dos Santos, preso sob a acusação de comandar um esquema de pirâmide financeira, usaram as redes sociais e grupos privados no WhatsApp para relatar atrasos em pagamentos que deveriam ter sido feitos nesta última quarta-feira (15). A GAS prometia aos investidores retorno de 10% ao mês mediante supostas transações com criptomoedas, embora, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), não possuísse sequer registro junto aos órgãos regulatórios para fazer as operações prometidas.

Em um comunicado, o setor jurídico da empresa informou que, até o momento, o Departamento Administrativo e Financeiro, encarregado dos pagamentos, não relatou nenhum problema ou demora no repasse de valores. Por isso, prossegue o texto, “as informações que estão sendo veiculadas através de aplicativos de mensagens e nas redes sociais não podem ser confirmadas”. A empresa alega que foram solicitados esclarecimentos junto ao “setor responsável” e que, “assim que os fatos forem esclarecidos”, irá repassar novas informações aos clientes e à “toda sociedade”.

Mesmo sem confirmar os atrasos, a nota da empresa associa o problema a um bloqueio de mais de R$ 38 bilhões em contas associadas a Glaidson, determinado pela Justiça. “Quantia essa que seria utilizada pela GAS exclusivamente para liquidar os rendimentos dos seus clientes na data de hoje, 15 de setembro de 2021”, afirma o comunicado.

O texto argumenta também que, desde a prisão do ex-garçom, que ficou conhecido como “faraó dos bitcoins”, as empresas “responsáveis pela distribuição dos pagamentos aos clientes” estariam “sofrendo perseguição” e tendo as contas bloqueadas. A GAS explica que se trata de “decisão judicial de bloqueio de todos os recursos do CNPJ, o que deixa a empresa com tal recurso perdido”. Por fim, a nota conclui que, “mesmo com toda dificuldade e dezenas de bloqueios”, o grupo tem “honrado com seus pagamentos em dia até o momento”.

Além dos valores retidos por ordem da Justiça, clientes que se sentiram lesados pela GAS e moveram processos também vêm conseguindo bloqueios judiciais em contas da empresa. Em pelo menos cinco de mais de uma dezenas de ações localizadas pelo GLOBO, já há decisões determinando a medida, em um montante que totaliza R$ 290 mil.

Na Operação Kryptos, que resultou na prisão de Glaidson, os agentes apreenderam 21 carros de luxo, R$ 13,8 milhões em espécie e 591 bitcoins, o equivalente a cerca de R$ 150 milhões na cotação atual. Na última segunda-feira, a Câmara Criminal do Ministério Público Federal, vinculada à Procuradoria-Geral da República (PGR), autorizou a liquidação imediata dos criptoativos apreendidos na ocasião. O valor em moeda nacional arrecadado com a venda será depositado em conta judicial vinculada ao juízo onde tramita o processo, que também deverá estar de acordo com a iniciativa.

Em um primeiro momento, os criptoativos vinculados a Glaidson haviam sido transferidos temporariamente para uma conta aberta pelo MPF em uma corretora brasileira de bitcoins e criptomoedas. Entretanto, de acordo com os investigadores, esse procedimento trazia o risco de que os valores fossem movimentados pela organização criminosa, “já que as transações são feitas sem intermediários, por meio de chaves privadas que podem ser recuperadas à distância”, explicou, por nota, o MPF.

Além disso, para os procuradores que acompanham a investigação, “considerando a volatilidade do valor do bitcoin e a própria segurança do montante apreendido”, o ideal seria converter os criptoativos em moeda nacional, fazendo o depósito do valor em conta judicial. “Por ser de tratar de uma situação nova e ainda pouco usual, eles decidiram consultar a Câmara de Coordenação e Revisão da área criminal do MPF sobre os procedimentos práticos a serem adotados no caso concreto”, acrescenta o texto enviado pelo MPF.

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