Comandante das Forças Armadas, o general Eduardo Villas Bôas se manifestou publicamente pela primeira vez depois que fez advertências, em redes sociais, na véspera do julgamento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou habeas corpus ao ex-presidente Lula. Na ocasião, o militar escreveu uma mensagem de “repúdio à impunidade” e que o Exército brasileiro “se mantém atento às suas missões institucionais”.
A mensagem, lida no final do Jornal Nacional (TV Globo) daquele 3 de abril, soou como uma ameaça de ação militar em caso de soltura do presidente, que viria a ser preso quatro dias depois, em 7 de abril conforme publicou o Congresso em Foco.
“Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera do votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [postagem no Twitter às] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota”, recorda o militar, em entrevista ao jornalista Igor Gielow, do jornal Folha de S.Paulo.
Na ocasião, internautas interagiram com o militar e alguns até o apoiaram, mas houve forte reação de outros seguidores e de grupos da sociedade civil organizada. Mas Villas Bôas minimiza as críticas que recebeu.
“Do pessoal de sempre, mas a relação custo-benefício foi positiva. Alguns me acusaram… de os militares estarem interferindo numa área que não lhes dizia respeito. Mas aí temos a preocupação com a estabilidade, porque o agravamento da situação depois cai no nosso colo. É melhor prevenir do que remediar”, acrescentou o general, que luta contra uma doença degenerativa e tem se locomovido em uma cadeira de rodas.
Veja o tuíte do general e a manifestação de apoio do juiz Bretas, que julga casos da Lava Jato no Rio:
Ainda segundo Villas Bôas, a eleição do capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL) não significa ameaça de retrocesso com um eventual retorno dos militares ao comando do país. “A imagem dele como militar vem de fora. Ele é muito mais um político. Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder. Absolutamente não é”, assegurou o general.