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terça-feira 7 de setembro de 2021 às 10:04h

7 de setembro de 2021: tudo que você precisa saber sobre os atos pró-Bolsonaro

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Há anos que um 7 de Setembro não era tão falado no Brasil. E que não tinha tanta relevância política. A data que marca a Independência do país em 1822 começou bem antes do dia de hoje e não tem data, por enquanto, para terminar. Na divulgação dos eventos, que quase sempre são acompanhadas de mensagens antidemocráticas que pedem, entre outras coisas, o fechamento do STF, o motivo principal da reunião é tido como reunir apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). E por isso a data é tido como crucial.

Para além das seguidas e diversas ameaças feitas por Bolsonaro à democracia brasileira, a adesão dessas manifestações será um termômetro para a campanha presidencial de 2022, que abertamente já começou por parte do presidente, que nas últimas semanas fez diversas viagens para encontrar com apoiadores de maneira estratégica e vem, e maneira consecutiva, falando para o interior do país por meio, principalmente, de entrevistas em rádio.

Mas o que trouxe até esse dia crucial? Nesse artigo você vai relembrar fatos marcantes que fizeram com que 7 de Setembro de 2021 fosse um dia tão comentado por várias semanas.

Polêmica começa com adesão de PMs

A adesão de policiais militares da ativa foi talvez o ingrediente que mais tenha feito os comentários sobre as manifestações escalarem. É proibido por lei que esse tipo de oficial participe desse tipo de protesto, mas nas redes sociais diversos policiais, de diversas patentes, se manifestaram confirmando participação no evento desta terça.

Há na PM cada vez mais apoio ao presidente

Às vésperas dos atos, a adesão dos PMs está ainda maior, é o que mostra um estudo no Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O levantamento mostra que houve uma disparada no engajamento dos policiais militares em relação ao ano passado. Em 2021, os principais atos em Brasília e São Paulo e as convocações têm sido feitas diretamente por Bolsonaro.

Maior adesão entre patentes baixas

Os dados de agosto mostram que os PMs que mais apoiam o presidente da República são os praças, isto é, os de patente baixa, como soltados, cabos, sargentos e subtenentes. Entre eles, 51% são bolsonaristas. Há um ano, esse índice era 10 pontos percentuais menor.

O estudo mostra que 30% deles interagem com conteúdo radical, incluindo ataques às instituições e demandas antidemocráticas. Em 2020, eram 25%.

Adesão entre patentes mais altas

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os oficias de patente maior, como aspirantes a oficiais, tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis, 44% são bolsonaristas. Em 2020, esse número era de 34%.

Entre eles, 23% interagem com publicações radicais, um crescimento de 6 pontos percentuais.

Doria expulsou oficiais que se manifestaram

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou um coronel da PM que estava convocando amigos, familiares e colegas para participarem dos atos. Nas redes sociais, o coronel Alexander Lacerda fez publicações contra o Supremo Tribunal Federal e contra Doria.

“Quero dizer que este coronel, coronel Alexander Lacerda, acaba de ser afastado da Polícia de São Paulo por indisciplina. Ele foi comunicado agora pela manhã pelo general João Campos, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, e pelo comandante geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Alencar. Aqui em SP nós não admitimos indisciplina em hipótese alguma, ele foi afastado”, afirmou Doria em entrevista à rádio CBN.

“E responderá também porque aquilo que falou e pelas postagens que fez”, continuou. Questionado sobre possíveis outros casos, o governador alegou que, caso aconteça novamente com outros PMs, eles terão “o mesmo destino”.

“É inaceitável qualquer movimento, de qualquer ordem, para flertar com o autoritarismo. Manifestações contra ou a favor, desde que feitas no âmbito popular, não dentro de instituições como Polícia Militar ou Polícia Civil ou de representantes de governos de manifestando de forma indisciplinada, mas dentro daquilo do que cabe a manifestações é aceitável, faz parte da democracia”, declarou Doria. “Agora, insuflar movimentos golpistas no Brasil, não. Nós reagirem. Os governadores que defendem a democracia vão reagir.”.

Bolsonaro mudou objetivo dos atos no meio do caminho

O presidente, depois da repercussão negativa das manifestações de PMs e, principalmente, dos ataques feitos ao STF, mudou o discurso.

A estratégia de substituir lemas de viés anticonstitucional e autoritário surgiu após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes que autorizou a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson por sua suposta participação em uma organização criminosa digital montada para ataques à democracia.

Recentemente, a Polícia Federal também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ). Os mandados foram autorizados por Moraes.

(Andressa Anholete/Getty Images)
(Andressa Anholete/Getty Images)

A investigação apura suposta “incitação à prática de atos violentos e ameaçadores contra a democracia”, e a convocação de atos antidemocráticos contra o STF para 7 de setembro. Os investigadores apuram ainda o apoio de empresários do agronegócio a esses movimentos.

‘Fogo de palha’, afirma Mourão ao comentar atos

As polêmicas chegaram também ao vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que minimizou as tentativas de golpe, afirmando que isso não passa de “fogo de palha”.

Mourão lembrou, ao comentar o apoio de oficiais que o regulamento disciplinar das Forças Armadas prevê punição para oficiais da ativa que se manifestem politicamente. “Todo pronunciamento de caráter político feito por um militar da ativa está sujeito ao regulamento disciplinar. O comando da Polícia Militar de São Paulo deve estar tomando providências a este respeito”, disse.

O vice-presidente confessou que não vive o melhor momento de sua relação com o presidente Bolsonaro, mas que segue leal. “Não é uma relação simples. Nunca foi entre presidente e vice, nós não somos os primeiros a viver esse tipo de problema. Mas o presidente sabe muito que ele conta com a minha lealdade acima de tudo. Ele pode ficar tranquilo sempre a meu respeito”, disse. O general já negou ter cogitado renunciar ao cargo devido a desentendimentos com o chefe do Executivo.

Mourão também nega ruptura institucional

“Todo mundo fala das manifestações do dia 7 de Setembro. Todas as manifestações que ocorreram em apoio ao nosso governo, e em particular à pessoa do presidente da República -você pode até discordar de algumas das bandeiras que são ali colocadas- todas foram pacíficas”, disse a jornalistas, na chegada ao gabinete da Vice-Presidência.

“Por isso que eu disse que o que vai acontecer no dia 7 de setembro, independentemente da quantidade de gente que for às ruas, será mais uma manifestação de apoio, e não buscando uma ruptura institucional”, acrescentou.

Na semana passada, Mourão havia descartado a possibilidade de convulsão social no país em decorrência desses atos pró-governo.

Pesquisa revela desconhecimento do brasileiro sobre atos

A maior parte dos brasileiros não sabem que haverá manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no feriado de 7 de setembro. É o que mostra um levantamento feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa com o banco Genial Investimentos, revelado pelo jornal O Globo.

A pesquisa mostra que 51% dos brasileiros não sabem que haverá atos bolsonaristas. Ao mesmo tempo, apenas 11% pretendem comparecer. As principais manifestações devem acontecer em São Paulo e em Brasília.

Aos que sabiam dos atos, o levantamento questionou: “Pretende participar da manifestação na rua em 7 de setembro?”

Veja os resultados: da pesquisa:

  • Sim: 11%
  • Não: 87%
  • Não sabe/não respondeu: 2%

Foram ouvidas 2 mil pessoas com mais de 16 anos em 26 estados brasileiros e também no Distrito Federal. A pesquisa foi realizada presencialmente entre os dias 26 e 29 de agosto e a margem de erro é de 2 pontos percentuais. O nível de confiança é de 95%

Entre as pessoas que vão participar dos atos, 61% dizem que aprovam o governo de Jair Bolsonaro, enquanto 39% desaprovam.

Em relação aos brasileiros que não irão às manifestações, 38% apoiam o governo e 59% desaprovam; 3% não sabem.

Manifestantes não poderão portar armas de fogo em SP

A Polícia Militar de São Paulo se encontrou com organizadores do ato e definiu que os manifestantes não poderão levar armas de fogo ou qualquer outro armamento.

O coronel Alexandre Cesar Prates, comandante da área central da capital paulista, os manifestantes serão revistados antes de entrar na Avenida Paulista.

“Não poderão estar portando armas, bastões, soco inglês ou qualquer coisa que possa atentar contra os direitos de qualquer pessoa. A responsabilidade da segurança dos manifestantes é dos senhores”, afirmou. “Ao chegarem nos locais das manifestações, todos serão fiscalizados. Bolsas e coisas afins. Proibido qualquer material que atente contra a segurança dos manifestantes e das pessoas que estão no entorno.”

A regra, segundo o coronel, vale também para os policiais que comparecerem à manifestação. A expectativa é de que haja um grande número de PMs na manifestação, tanto na ativa quanto da reserva.

Por recomendação médica, Lula não deverá ir a atos anti-Bolsonaro

O ex-presidente Lula (PT) foi orientado a não comparecer nas manifestações contrárias ao presidente Bolsonaro em razão da pandemia de covid-19. As orientações foram dadas pelo deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que é médico e ocupou o cargo de ministro da Saúde entre 2011 e 2014, no governo de Dilma Rousseff.

(ARISSON MARINHO/AFP via Getty Images)
(ARISSON MARINHO/AFP via Getty Images)

“Em resumo, a pandemia não acabou”, disse à coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Padilha acredita que a presença de Lula nas manifestações deve gerar aglomerações, em especial de pessoas que querem abraçar o ex-presidente.

A situação colocaria em risco Lula, a equipe do petista e também os manifestantes. Alexandre Padilha ainda avalia se ele mesmo deve participar dos eventos. Ele é profissional da saúde e disse que ficou exposto durante toda a pandemia.

“Durante toda a pandemia estive atendendo nas unidades de saúde, nos hospitais, me expondo permanentemente. Não parei de atender nas unidades de saúde junto com os alunos nem de atender as pessoas”, disse o ex-ministro à Folha.

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