O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que a China será peça fundamental para levantar a economia do Afeganistão, que está à beira de um colapso. Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, o extremista disse que o grupo contará principalmente com o financiamento dos chineses após a retomada do controle do país.
Em apenas uma semana de governo, os fundamentalistas já têm a difícil missão de salvar uma nação em ruínas. Fome em massa, bancos sem dinheiro e escassez dos serviços básicos são alguns dos problemas a serem enfrentados.
Além disso, desde a tomada de Cabul, em 15 de agosto, o Afeganistão foi isolado pelas instituições financeiras internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, congelaram cerca de 9,5 bilhões de dólares em ativos pertencentes ao país no mês passado.
“A China é nosso parceiro mais importante e representa uma oportunidade fundamental e extraordinária para nós, porque está pronta para investir e reconstruir nosso país”, disse Mujahid na entrevista.
O porta-voz disse ainda que a Nova Rota da Seda, estratégia de desenvolvimento adotada pelo governo chinês com foco na melhoria da infraestrutura em países da Europa, Ásia e África, é vista com bons olhos pelo alto escalão do Talibã.
Ele diz ainda que o Afeganistão tem muitas minas ricas em cobre e que, graças aos chineses, poderão se modernizar e voltar a funcionar, e que o gigante asiático funcionará como uma ligação entre o grupo e os mercados de todo o mundo.
O Afeganistão precisa urgentemente do dinheiro retido pelos Estados Unidos para conseguir sair da crise. O Secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou na última terça-feira, 31, sobre uma iminente ‘catástrofe humanitária’, já que o estado não tem conseguido atender às demandas mais básicas dos cidadãos.
O porta-voz da Organização, Stéphane Dujarric, disse que o atual apelo humanitário das Nações Unidas de 1,3 bilhão para o Afeganistão é financiado apenas por 39%.