Presidente nacional do DEM, ACM Neto avaliou na última terça-feira (31), em um jantar com empresários em Salvador conforme o jornal Tribuna, que a economia não será uma “mola propulsora” para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na eleição de 2022. Neto desenhou, em sua fala, um cenário econômico complicado para o governo federal.
De acordo com Neto, há um “risco sério” de vivermos um “racionamento de energia”. “Então, hoje, o debate sobre o risco de racionamento no fim desse ano e no início do próximo é um debate real, e é difícil pensar numa perspectiva de crescimento econômico sustentado sem energia. Absolutamente impossível”, pontuou. “Esse ano devemos fechar com a taxa de desemprego em torno de 14%. Está melhorando um pouco agora, os últimos números foram positivos, mas o que se pode projetar é de 14%. Talvez, um pouco menos, mas está por aí em 14%. E aí tem uma coisa, por mais que a gente vá criando emprego, porque está tendo crescimento econômico, isso não significa necessariamente aumento de renda, porque a inflação está comendo uma parte do que as pessoas estão ganhando’, acrescentou.
O presidente do DEM disse ainda que a expectativa é de um crescimento de 1,7% do PIB em 2022. “Provavelmente, um crescimento (econômico) abaixo de 2%. Juros altos, inflação alta, o desemprego caindo, mas ainda em patamares muito altos. Incerteza política até outubro. Não tem jeito. É insuperável isso. O governo faz uma aposta de ter R$ 120 bilhões em caixa para gastar. Depois de todas as revisões, a enxerga um cenário de o governo ter um mais ou menos de R$ 20 bilhões de reais, sem contar o reajuste do Bolsa Família e sem contar a obrigação de pagamentos de precatórios. (…) Qual é a conclusão de tudo isso? A economia, na minha opinião, não será uma bola propulsora em que o governo possa chegar e dizer: ‘tá aqui, eu me resolvi por conta da economia’. E a gente sabe o quanto ela (a economia) interfere na política”, avaliou.
Neto disse ainda que pesquisas internas do DEM apontam “muita gente frustrada” com o governo Bolsonaro, e vê o ex-presidente Lula (PT) como uma alternativa. “Quando você pergunta ao brasileiro: qual é o perfil desejado por ele como líder para esse país? (…) Quando a gente olha o pensamento da maioria dos brasileiros (…), definitivamente o perfil apontado pela média dos brasileiros não é exatamente nem o perfil de Lula nem de Bolsonaro (…). O que é que isso quer dizer? Isso quer dizer que. A imprensa e mais ainda os políticos adoram discutir política, mas as pessoas que estão nas ruas, com medo de ficar desempregado, não podendo comprar carne que comprava, vendo o seu salário ser corroído, essas pessoas ainda na cabeça delas não passam (eleição)”, ressaltou.