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Imprensa, olha os recados de uma eleição

Foto: Reprodução
quarta-feira 7 de novembro de 2018 às 05:11h

Recentemente, em reunião com jornalistas e executivos, fiz o seguinte comentário: “Um novo chegará ao poder. Sem partido, sem dinheiro, sem mídia, sem tempo de televisão e confinado ao quarto de um hospital”. Pois bem, amigo leitor, o candidato azarão, quase folclórico, subirá a rampa do Palácio do Planalto na abertura de 2019.

Muitos são os recados dessa eleição disruptiva: Partidos tradicionais, velhos caciques da política, gurus do marketing e alguns jornalistas, habituados ao conforto das jogadas previsíveis, estão nocauteados.

As mídias sociais, mola propulsora da candidatura de Jair Bolsonaro, podem ser a alavanca para um renovado jornalismo de qualidade. As pautas não estão dentro das redações ou escondidas nas nossas idiossincrasias ideológicas. Elas estão quicando nas ruas, no rosto das pessoas, no fascínio do cotidiano.

Quero salientar um aspecto que julgo importante na renovação da imprensa: na era digital, a intuição pode e deve ser apoiada pelos números.

Realidades que pareciam alheias aos negócios da mídia estão cada vez mais próximas dos veículos. É o caso do Big Data. A cada dia os acessos digitais aos portais de notícias geram quantidades incríveis de dados sobre o comportamento de nossas audiências, mas ainda não fomos capazes de enxergar o potencial que há por trás desta montanha de informação desestruturada. Nas redações brasileiras multiplicam-se as telas coloridas que trazem, minuto a minuto, indicadores e gráficos mirabolantes. Ao final de um dia de trabalho, qualquer editor está habilitado a responder quais foram as reportagens mais lidas. Mas e depois disso? Continuamos incapazes de interpretar adequadamente todas essas cifras e utilizá-las a favor do bom jornalismo.

Tenho a frequente oportunidade de conversar com executivos e gestores de veículos de comunicação, todos eles responsáveis pelo processo de transição digital em suas empresas. Vindos de diferentes estados brasileiros e de alguns países da América Latina, se reúnem em São Paulo para o programa “Estratégias Digitais para Empresas de Mídia”, iniciativa que dirijo no ISE Business School.

Todos eles estão desejosos de encontrar novos caminhos de monetização. Em sala de aula cresce a certeza de que as verbas publicitárias não retornarão aos níveis de antigamente e, portanto, os ingressos deverão ser alavancados prioritariamente por meio do conteúdo digital. Como tarefa de casa, levam um desafio nada fácil: olhar para a cobertura de seus veículos e questionar-se se há valor diferencial naquilo que estão entregando aos seus consumidores.

Recebem também a missão de colocar a audiência no centro do processo. Já não basta mais que definamos nós o que precisam os consumidores de informação. É preciso ouvir o que eles têm a dizer.

 

Por Carlos Alberto Di Franco

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