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domingo 8 de agosto de 2021 às 12:42h

Pais de atletas baianos que conquistaram medalhas em Tóquio falam sobre participação na vida dos filhos

BRASIL, NOTÍCIAS


As conquistas no esporte e as participações nas Olimpíadas de Tóquio deixam os familiares dos atletas baianos cheios de orgulho. Neste domingo (8), Dia dos Pais, o portal G1 Bahia fez uma excelente reportagem que traz relatos dos pais de Bia Ferreira, Ana Marcela Cunha e Hebert Conceição, que revelaram como foram os primeiros passos dos jovens no mundo esportivo.

Eles também detalharam sobre a participação na vida dos filhos medalhistas olímpicos. Raimundo Ferreira é pai da boxeadora, Bia Ferreira, de 28 anos. George Cunha, da nadadora, Ana Marcela Cunha, de 29, e Jorge Souza, pai do boxeador, Hebert Conceição, de 23 anos.

Jorge Souza com Hebert Conceição, George Cunha com Ana Marcela e Raimundo Ferreira, com Bia Ferreira — Foto: Arquivo Pessoal
Jorge Souza com Hebert Conceição, George Cunha com Ana Marcela e Raimundo Ferreira, com Bia Ferreira — Foto: Arquivo Pessoal

Raimundo é responsável pelos primeiros golpes de luta da filha. A infância de Bia foi marcada pelas competições de boxe do pai, que era lutador, foi tricampeão baiano e hoje, também é treinador de Bia.

A baiana conquistou medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio e acumula vitórias, com vários títulos nacionais e internacionais, incluindo o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima e o título do Mundial de Boxe, ambos em 2019.

A nadadora Ana Marcela Cunha também herdou o “espírito” esportivo da família. George Cunha, pai, ex-atleta, professor de educação física e gestor carreira da nadadora, foi um dos grandes incentivadores.

George ainda revela que a nadadora gosta tanto do mar que, na infância, dizia que o ‘cheiro’ do mar chamava ela. Ana Marcela Cunha, conquistou a medalha de ouro na maratona aquática nas Olimpíadas de Tóquio. A nadadora já havia participado de duas Olimpíadas em sua carreira.

Nos Jogos de Pequim 2008, então com apenas 16 anos, ela terminou na quinta posição. No Rio, ela terminou em décimo. Ao todo, a baiana soma 11 medalhas em Campeonatos Mundiais de Esportes Aquáticos, das quais cinco de ouro. Além disso, foi eleita a melhor maratonista aquática do mundo em seis temporadas.

Jorge Souza, pai de Hebert, não é ex-atleta como os pais dos outros esportistas, mas também é campeão no assunto da paternidade. Incentivo, assistir as lutas e celebração na volta para casa após competições são marcas registradas de Jorge, que é comerciário.

E quem pensa que o primeiro encontro de Hebert com o esporte foi o boxe, está enganado. O baiano tentou ser jogador de futebol, lutador de jiu-jitsu e capoeirista. No entanto, foi nos ringues que ele se encontrou.

Aos 23 anos, Hebert conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio após nocautear o ucraniano Oleksandr Khyzniak. Além disso, ele já ganhou uma medalha de bronze no Campeonato Mundial de 2019 e uma de prata no Pan-Americano de Lima, no Peru, no mesmo ano.

Tal pai, tal filha

Bia Ferreira comemorando a vitória do pai — Foto: Arquivo Pessoal
Bia Ferreira comemorando a vitória do pai — Foto: Arquivo Pessoal

Raimundo, que além de ser pai da medalhista olímpica, é o treinador dela, conta que sempre sonhou com Bia no esporte que ele praticou. Conforme conta, o boxe não serviu apenas de exemplo para Bia, mas também era a forma de ter o sustento da família.

“Sempre quis Bia no esporte que amei e pratiquei. Ela é a número um no ranking. Tenho muito orgulho de ver minha filha nos jogos Olímpicos, nem sonhava isso, e agora ela está lutando com as melhores do mundo”, diz emocionado.

Segundo Raimundo, ele e Bia têm uma ótima relação de amizade. No entanto, quando o assunto é treino, ele não brinca em serviço.

“Temos nossos momentos de curtir como pai e filha, mas enquanto treinador eu cobro ela. Não tem como passar a mão na cabeça porque é filha, não. Temos que botar ordem na casa. Ela tem grande respeito comigo e admiração”, relata orgulhoso.

Bia Ferreira se apaixonou pelo boxe ainda na infância — Foto: Arquivo Pessoal
Bia Ferreira se apaixonou pelo boxe ainda na infância — Foto: Arquivo Pessoal

O interesse de Bia pelo esporte surgiu ainda na infância. Raimundo participava de campeonatos de boxe e a filha costumava treinar com ele na garagem de casa já aos 10 anos.

“Parece que já estava no sangue, porque aprendia muito rápido a cada treino. Ela me acompanhava nas lutas e, algumas vezes eu levava ela na academia. Bia cresceu e já era um talento”

“Ela foi crescendo e botamos Bia para fazer uma luta interna na academia. Então ela foi se destacando”, revela.

Raimundo conta que quando Bia começou a lutar em outros estados, como São Paulo por exemplo, foi campeã algumas vezes e começou a ser vista. Segundo ele, a boxeadora já lutou em 26 países, nos quais ganhou 25 medalhas.

“Começamos sem nada, não tinha nada de apoio para ela viajar para competir. A gente tinha que se virar para ter condução e chegar nos torneios”, relembra.

 

Bia Ferreira treina com o pai, Raimundo Ferreira — Foto: Arquivo Pessoal
Bia Ferreira treina com o pai, Raimundo Ferreira — Foto: Arquivo Pessoal
 Aos 21 anos, a boxeadora participou de um campeonato brasileiro e derrubou a concorrente em apenas 30 segundos. Sobre as Olimpíadas de Tóquio, o pai e treinador está na expectativa pelo ouro.

“A gente conseguiu ganhar tudo com muita garra. Só faltava essa medalha [das Olimpíadas]. Estamos confiantes. Eu sempre converso com Bia, passo instruções, porque vejo as adversárias dela, sei que ela tem grande treinadores, mas também gosto de ajudá-la. Acredito que a gente vai ser ouro”, fala.

Filha de peixe, peixinho é

Ana Marcela e o pai George Cunha — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Ana Marcela e o pai George Cunha — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Segundo George Cunha, Ana Marcela sempre foi fascinada pelo mar. Ele conta que durante a infância da filha, a família costumava passar as férias de fim de ano na região de Arembepe, distrito de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

“Tinha um clube que o quiosque ficava na areia da praia. A gente olhava para Ana Marcela e ela saía ‘devagarinho’ em direção ao mar. Ela falava que era o ‘cheirinho’ do mar que chamava ela”, relata.

Os pais da nadadora são professores de educação física e ex-atletas. A mãe, Ana Patrícia Cunha, era ginasta, e o pai, nadador.

George conta que Patrícia dizia que a filha seria ginasta, enquanto ele dizia que ela se tornaria nadadora. E não é que ele acertou?

“O fato de minha esposa e eu sermos professores de educação física e ex-atletas, foi uma coisa boa para que ela fosse direcionada”, comenta.

Ana Marcela Cunha e os pais — Foto: Arquivo pessoal
Ana Marcela Cunha e os pais — Foto: Arquivo pessoal

Ao longo da trajetória da atleta, o pai, orgulhoso pelas conquistas da filha, relata que só coisas boas aconteceram. Ele e a esposa abdicaram das atividades esportivas e da profissão para se tornarem gestores de carreira esportiva.

“Cuidamos de absolutamente tudo da carreira de Ana Marcela. Dos contratos de patrocínios, das manutenções que ela tem que fazer, o que tem que postar em redes sociais. Acompanhamos nas competições. Patrícia [mãe da atleta] cuida alimentação dela e mantém contato com a nutricionista, com técnico e também com a psicóloga. Vivemos com intensidade a carreira da nossa filha”.

Para George, todo esforço e abdicação valeram a pena. O ouro olímpico veio e a nadadora é a número um do mundo.

“Até se tornar uma atleta de alta performance foi muito intenso. Ela faz tudo com muito amor, nossa participação foi de incentivar, viajar com ela e estar sempre presente, quando possível. Nunca foi nada forçado”, conta.

George e Ana Marcela com a medalha de ouro das Olimpíadas de Tóquio — Foto: Arquivo Pessoal
George e Ana Marcela com a medalha de ouro das Olimpíadas de Tóquio — Foto: Arquivo Pessoal

Eufórico, ele relata a felicidade de ver a filha ocupar a primeira posição no pódio olímpico.

“A gente sabe que não é assim, por melhor que seja um atleta, ela não era favorita a ganhar. Ela era favorita ao pódio. A gente imaginava no pior cenário a medalha de bronze. A gente sabia que ela ia trazer uma medalha, de que cor a gente não sabia”, conta.

“O melhor presente para o Dia dos Pais foi esse ouro!”, diz.

Além disso, o pai e gestor de carreira lembrou da primeira vez em que Ana Marcela, aos 10 anos, participou de uma prova de maratona aquática.

“Fizeram uma minimaratona no Porto da Barra, [em Salvador], de aproximadamente 500m. Era 250m para ir e 250m para voltar. A prova foi bem disputada, mas ela ganhou”, conta.

“Foi em um domingo do Dia dos Pais e o troféu que ela ganhou se chama ‘Meu Pai Campeão’. Então hoje está fazendo 19 anos que ela nadou esses 500m e ganhou. A medalha de ouro nas Olimpíadas é a cereja do bolo”, fala emocionado.

Carinhoso por trás das luvas

Hebert Conceição sendo recebido pelo pai e pelos tios após ganhar medalha de prata no Pan de Lima, no Peru, em 2019 — Foto: Arquivo Pessoal
Hebert Conceição sendo recebido pelo pai e pelos tios após ganhar medalha de prata no Pan de Lima, no Peru, em 2019 — Foto: Arquivo Pessoal

O pai do boxeador Hebert Conceição, medalhista de ouro em Tóquio, o comerciário Jorge Souza, conta que ficou surpreso com o desempenho do filho no boxe. Segundo conta, ele costumava acompanhar o jovem durante os treinos e em lutas amadoras, como a que aconteceu no bairro de Cajazeiras, em Salvador.

“Participei da trajetória dele e o levava para alguns lugares de treino. Na primeira luta que assisti, fiquei de boca aberta com a a garra e o talento. Fiquei abismado”, diz.

Além disso, Jorge costumava receber o filho no aeroporto de Salvador após as disputas pelo país e, até mesmo, fora dele. Como ocorreu em 2019, quando o boxeador ganhou a medalha de prata no Pan de Lima, no Peru. [Veja foto acima]

Emocionado, ele relata que nada foi em vão e que tudo valeu a pena. Jorge conta também o quanto se sente honrado por ter um filho como Hebert.

“No início eu não imaginava essa magnitude toda, mas depois que fui observando a vontade dele e a determinação passei a enxergar que ele ia longe”, fala orgulhoso.

Sobre a conquista do ouro nas Olimpíadas, o pai de Hebert conta que não conseguiu dormir. Ele diz que ficou acordado e assistiu à luta em uma tensão misturada com adrenalina. No entanto, afirma que já está mais relaxado.

Jorge ainda relata que se emocionou com o título do filho nas Olimpíadas de Tóquio e que, neste momento, passa um filme na cabeça. Ele ainda relembra de quando Hebert era pequeno e colocava ele no colo.

Segundo Jorge, a recepção do baiano não será diferente. Como de costume, a família vai ao aeroporto de Salvador para recebê-lo.

Hebert Conceição — Foto: Arquivo Pessoal
Hebert Conceição — Foto: Arquivo Pessoal

Por trás da luvas acolchoadas e dos golpes certeiros enquanto está em cima do ringue, Hebert é só carinho com o próximo, conforme relata o pai.

“Ele é muito gentil e carinhoso com todos, seja com familiares ou amigos”, diz.

Jorge revela que ele e Hebert têm uma relação de amizade, de pai e filho, e costumam conversar sobre tudo. Sobre as Olimpíadas, o pai do campeão fala da felicidade da conquista de medalha, mas destaca que o filho já cumpriu um papel importantíssimo em participar do maior e mais tradicional evento esportivo do mundo.

“Meu presente eu já ganhei só dele tá participando. É uma coisa divina. A expectativa é de muita festa, muita alegria e ansiedade”.

Hebert Conceição com o pai Jorge e a madrasta — Foto: Arquivo Pessoal
Hebert Conceição com o pai Jorge e a madrasta — Foto: Arquivo Pessoal 

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