As crianças que morreram tinham febre alta, tosse, sintomas do Covid-19
O Ministério da Saúde informou que as crianças Yanomami que morreram no início deste ano no meio da floresta foram vítimas de diarreia e vômito (gastroenterite), e não por Covid-19. Além disso, o órgão disse que foram sete óbitos, o que contraria o relato do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY) de que haviam sido 10.
“Foram identificados os óbitos de sete crianças nas comunidades Kataroa e Waputha, na região do Surucucu, no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami. A investigação apontou que óbitos ocorreram por diarreia e vômito (gastroenterite), sendo descartada a causa mortis por Covid-19. Todos os familiares das crianças foram testados e obtiveram resultado negativo para o coronavírus”, informou o Ministério.
O presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami, contestou conforme o Globo News a versão do Ministério e reafirmou que foram 10 mortes, e não 7, e que as crianças tinham sintomas de Covid.
“Eu estive na missão do Ministério. Passamos quatro dias. Os Yanomami disseram para eles o mesmo que disseram para mim: que as crianças morreram [as 10]”, afirmou.
Segundo o Ministério, foram cinco mortes em Kataroa e dois em Waputha. O Condisi-YY relatou, à época, quatro óbitos em Waphuta, cinco em Kataroa, e uma em Taremou – sobre esta última comunidade, o órgão afirmou não ter conhecimento, embora o Conselho cite que os oficiou sobre o caso.
“Essa investigação não foi profunda. Durante a missão, presenciei casos de que a mãe testava positivo e o filho, não. Ou que o filho testava, e a mãe, não. Não tem como dizer agora que morreram somente por diarreia e vômito. As crianças que morreram tinham febre alta, tosse [sintomas de Covid]”, critica Hekurari.
O relato do Condisi-YY sobre as mortes também foi enviado ao MPF, que abriu investigação. Procurado, o órgão informou que só vai se manifestar houver a conclusão dos trabalhos.