Governos de vários países usaram um software israelense para invadir celulares e ter acesso a dados sigilosos de milhares de jornalistas, líderes religiosos, políticos oposicionistas, defensores de direitos humanos, entre outros.
A informação começou a ser divulgada neste domingo por veículos como The Guardian, Washington Post, Die Zeit e Le Monde. O consórcio de imprensa teve acesso a uma lista com mais de 50 mil números de telefone que possivelmente foram alvo de espionagem por meio do sistema Pegasus, criado pela empresa israelense NSO Group.
O programa é capaz de invadir smartphones remotamente sem que o dono do aparelho tenha comportamento descuidado, como clicar em links suspeitos, por exemplo.
Depois de infectar os telefones, os “operadores” conseguem rastrear em segredo todas as atividades da pessoa que teve o aparelho invadido.
De acordo com a investigação, governos de ao menos dez países fizeram uso do software: Arábia Saudita, Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, Hungria, Índia, Marrocos, México e Ruanda. O Brasil não aparece nas reportagens divulgadas hoje.
Como O Antagonista revelou em maio, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública chegou a lançar um edital para a compra do sistema e alegou que o objetivo era atender “às necessidades operacionais da Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas (Seopi)”, pivô no ano passado do escândalo envolvendo a fabricação de dossiês contra inimigos do governo Bolsonaro.
Em 19 de maio, o senador Alessandro Vieira ingressou na Justiça Federal com ação popular solicitando a suspensão do edital. Poucos dias depois, a empresa do software espião abandonou a licitação do governo.