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domingo 18 de julho de 2021 às 07:40h

O agronegócio é a mola impulsionadora da economia baiana

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A partir do resultado positivo da colheita da soja obtido em maio, a previsão é que a safra de grãos na Bahia em 2021 atinja o recorde de 10.474.922 toneladas, número 4,1% maior que o do ano passado (10.063.245 toneladas). Com isso, a Bahia volta a ultrapassar São Paulo e deverá ter, em 2021, a sétima maior produção de grãos do país, respondendo por 4,0% do total nacional. As informações são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado em maio, e foram divulgadas nesta quinta-feira (10) pelo IBGE.

A previsão para a Bahia conforme o jornal Correio, é que 15 das 26 safras de produtos investigadas no estado sejam maiores em 2021 do que em 2020. Para o consultor de agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Luiz Stahlke, os números positivos se devem às condições climáticas e ao emprego de tecnologia.

“Aqui o produtor vem, nos últimos anos, melhorando muito a qualidade e fertilidade do solo. A gente tem um trabalho muito grande de inserção da tecnologia, cuidado com o solo, que tem propiciado essas grandes médias. Tudo isso aliado ao clima, que tem ajudado bastante”, aponta.

Luiz destaca os principais municípios produtores de soja, milho e algodão do estado: Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério, Correntina, Jaborandi, Cocos e Baianópolis. “São municípios que fazem parte de uma faixa de relevo bem plano, muito propício à mecanização com máquinas modernas e também com índices pluviométricos bem definidos durante o ano”, explica o consultor.

Em nível nacional, a estimativa de maio para a safra de grãos 2021 também é de um recorde na série histórica do IBGE. Neste ano, a produção brasileira deve chegar a 262,8 milhões de toneladas, 3,4% maior que a do ano passado (que foi de 254,1 milhões de toneladas).

(Foto: Divulgação/IBGE)

Soja

Outra previsão feita em abril apontava 10.063.245 toneladas de grãos para a Bahia 2021, mas o número foi atualizado para 10.474.922 toneladas devido à revisão positiva da soja. Com fim da colheita em maio, a oleaginosa, com campos cultivados que somam 1,7 milhão de hectares, apresentou alta de 3,9%, de abril para maio e obteve, em 2021, a maior safra da série histórica, iniciada em 2006: 6,834 milhões de toneladas. Com isso, a Bahia foi novamente a campeã nacional de produtividade, atingindo média de 67 sacas por hectare, superando o estado de  Minas Gerais, que colheu 62,5 sacas/ha.

(Foto: Divulgação/Aiba)

A demanda por soja no mercado externo fez com que o valor da saca disparasse, ficando acima de  R$160,00. De acordo com Luiz Stahlke, cerca de 55% desse grão é destinado à exportação. “Isso vai para países da Ásia, principalmente a China. O restante é para o mercado interno”, pontua.

Algodão e milho

De abril para maio houve também revisões positivas nas estimativas das safras de algodão e do milho. A estimativa para a safra de algodão cresceu 2,5% (30 mil toneladas) entre os dois meses, chegando a 1.232.000 toneladas. Porém, este número ainda é 16,5% menor que o de 2020 (1.475.000 toneladas).

A colheita do algodão começou neste mês e vai até setembro. Na avaliação do consultor de agronegócio, as expectativas devem se confirmar. “É um período que não chove, então não tem mais comprometimento da fibra. Se chovesse, já seria um problema. Mas agora é só colher e fazer o beneficiamento para ir para a fiação. Estamos esperando um resultado médio de 318 arrobas por hectare, que é a melhor média já alcançada aqui”, diz. Luiz acrescenta que cerca de 70% desse produto é destinado ao mercado externo.

Cerca de 70% do algodão produzido no país é destinado à exportação (Foto: Divulgação/Aiba)

Já em relação ao milho, que fica concentrado no mercado interno, para a 1ª safra, houve um crescimento de 2,7% (50 mil toneladas) em maio frente ao mês anterior, o que fez com que a estimativa chegasse a 1.900.000 toneladas. A safra 2021 deverá, agora, ser 5,5% maior que a do ano passado (1.800.200 toneladas). Já o milho 2ª safra cresceu 12,7% (70 mil toneladas) frente a abril, chegando a 620.000 toneladas. A previsão da safra 2021, porém, ainda é 22,5% menor que a de 2020 (800.000 toneladas)

Segundo informação da Aiba, a produção de milho na temporada 2020/21, que está em andamento, deve superar os números do ano anterior, apresentando média de 180 sacas por hectare e volume final de 1,8 milhão de toneladas. Isso significa um aumento de 15,9% do total produzido e pouco mais de 9% de acréscimo na produtividade.

Em relação aos preços, a previsão é de que o milho continue valorizado devido às incertezas sobre o volume a ser produzido na segunda safra e o interesse do mercado interno aquecido. No início de abril, o produto estava cotado a R$73,75 e, em maio, era comercializado a R$85,00 a saca.

Vale ressaltar que, no cenário nacional, esse grão não vai tão bem. De acordo com um levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também divulgado no mês de junho, o volume de milho no país a ser colhido neste ano será de 96 milhões de toneladas, abaixo da previsão de março de até 108 milhões.

Diante dessa quebra de safra do cereal, a Conab reduziu as expectativas de exportações para 29,5 milhões de toneladas e as de importações para 2,3 milhões. Em maio, o órgão esperava vendas externas de 35 milhões de toneladas e importações de 1 milhão.

Em 2021, milho deve ter aumento de 15,9% na produção e cerca de 9% na produtividade (Foto: Divulgação/Aiba)

O impacto da agricultura na economia baiana

De acordo com Eduardo Rodrigues, superintendente de política do agronegócio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), em entrevista ao jornal Correio da Bahia, o agronegócio é a mola impulsionadora da economia baiana. “Cerca de 25% do PIB da Bahia vem do agronegócio. Além disso, ⅓ da população economicamente ativa da Bahia está vinculada ao agronegócio. Isso reflete nos bons números que o estado tem alcançado e também numa perspectiva de resultados ainda melhores para os próximos anos”, ressalta.

O grande destaque do agronegócio na Bahia fica com a soja, que tem participação de cerca de 65% na produção de grãos do estado e se concentra no Oeste baiano. A safra atual da soja produziu 6,8 milhões de toneladas, se tornando a maior safra da série histórica do levantamento e configurando uma alta de quase 13% em relação a 2020. Segundo o superintendente, 50% das exportações estaduais advêm da soja e do algodão.

“A Bahia tem a melhor produtividade de soja do país, com tendência de crescimento. No que diz respeito à produção, ocupamos a 7ª posição no ranking nacional. O Brasil fica disputando com os Estados Unidos a posição de maior produtor de soja no cenário internacional”, afirma Rodrigues.

Em relação ao algodão, que também se concentra no Oeste, a Bahia é o segundo maior produtor, perdendo para o Mato Grosso. “Temos uma produção projetada para o algodão, no quesito caroço e pluma, na ordem de 1,2 milhão de toneladas. Apesar do cenário pandêmico não ter sido muito favorável ao setor têxtil, temos também uma produção significativa dentro desse cenário das grandes produções”, acrescenta.

Quanto ao milho, a Bahia ocupa a 1ª posição de produção desse grão no ranking da região Nordeste e, no estado, ele se espalha por diversas regiões, sendo marcado pela agricultura familiar. A expectativa para a safra de 2021 é de 2,5 milhões de toneladas de milho.

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