A sociedade brasileira confia e tem segurança no atual sistema eletrônico de votação. É o que traduz uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada na última semana, demonstrando que 63,7% da população acredita que o modelo das urnas eletrônicas é transparente e seguro.
Para a coleta de dados, os pesquisadores da entidade ouviram 2.022 pessoas entre os dias 1 e 3 de julho, em 137 cidades de 25 Unidades da Federação. Segundo a Confederação, a pesquisa tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais. A pesquisa foi encomendada pela CNT e realizada pelo Instituto de Pesquisa MDA.
A entidade é uma das três maiores fontes de divulgação de pesquisas do Brasil, e é conhecida pela tecnicidade e metodologia consolidada. O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, destaca a importância dos dados do levantamento, que é realizado pela Confederação desde 1998.
“A Pesquisa CNT de Opinião se consolidou como uma das mais tradicionais e importantes de nosso país. Ao desenvolvê-la, a CNT oferece à sociedade elementos concretos e mensuráveis de análise que permitem uma compreensão mais aprofundada das situações empresarial, social, econômica e política. Assim, o levantamento consiste em uma grande contribuição dos transportadores para que se possa melhor planejar e construir o futuro do Brasil”, informou.
O relatório da pesquisa também abordou outros assuntos relacionados a intenções de votos para as próximas eleições, preferências sobre interesse na política e democracia. Além disso, apontou que 45,5% dos entrevistados já tiveram a experiência de votar com cédulas de papel, e 76,2% dessas pessoas demonstraram que o antigo modelo gerava desconfiança ou nenhuma confiança na apuração dos resultados.
História do sistema eletrônico de votação
A urna eletrônica foi adotada a partir das eleições de 1996 e 1998, em caráter experimental. Com o êxito, o processo eletrônico de votação passou a ser utilizado nacionalmente e em definitivo nas eleições de 2000, abandonando o voto nas cédulas de papel. A agilidade na divulgação do resultado e o fim das fraudes são o grande trunfo do modelo de votação vigente no país. Haja vista que a apuração anteriormente durava dias e até semanas, passou a ser concluída no mesmo dia da votação, além de extinguir as cédulas de papel, que permitiam a marcação posterior em votos originalmente em branco, ou eleitores votando no lugar de outros e até a contagem enviesada dos votos.
Segundo o ex-ministro do TSE, Carlos Velloso, que atuou na implantação do equipamento, o voto eletrônico foi uma grande revolução no processo eleitoral brasileiro, que foi criado com o objetivo principal de afastar a intervenção humana e, consequentemente, eliminar fraudes.
“Queríamos criar uma urna eletrônica, um pequeno computador que pudesse processar eletronicamente os votos, com rapidez, com a maior segurança, propiciando, então, uma apuração rápida. [Antigamente] eram eleições que não representavam a legitimidade do voto e a vontade do eleitor. As eleições eram feitas a bico de pena, com aproveitamento de votos em branco e outras fraudes”, destacou.
Segurança e transparência
A cada pleito eleitoral, o TSE atualiza e reforça a segurança das urnas eletrônicas. Partidos políticos, órgãos do poder público e entidades da sociedade civil são convidados a acompanhar e fiscalizar a tecnologia. Além disso, especialistas em segurança da informação são chamados a tentar invadir o sistema. Se for constatada alguma falha, os especialistas da Justiça Eleitoral devem corrigir.
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, defende o atual processo eletrônico de votação e pontua inconvenientes que poderiam surgir com a impressão do voto.
“As pessoas têm que compreender que a urna eletrônica veio para acabar com fraudes. A urna tem um sistema auditável do início ao fim. É um equipamento à prova de hackers. O processo eleitoral e a urna eletrônica são coisas que estão dando certo no nosso país, e são um motivo de orgulho para todos. Fraude havia antes da implantação do voto eletrônico. Com a impressão, têm-se mais chances de o voto ser fraudado, uma vez que pessoas manusearão os papéis e outros problemas. A cada dois anos, será necessário montar um grande esquema logístico para garantir o transporte e o armazenamento seguro dos votos dos 148 milhões de eleitores brasileiros, além do risco de judicialização das eleições”, defende Barroso.