O Dia do Teleoperador, comemorado em 4 de julho, foi celebrado pela Câmara Municipal de Salvador, em sessão especial virtual na quinta-feira (8). Os trabalhos foram conduzidos pelo vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), ouvidor-geral da Casa.
A sessão especial discutiu pontos importantes para os trabalhadores em teleatendimento, a exemplo da regulamentação da profissão, o adoecimento, as condições de trabalho e a vacinação.
Conforme pesquisa do Instituto Painel Brasil, encomendada pelo Sinttel em 2019, a Bahia concentra aproximadamente 50 mil profissionais teleoperadores e teleoperadoras, sendo 51,4% mulheres e a maioria, entre 17 e 35 anos, recebe uma média salarial de um salário mínimo para uma jornada de 180 horas, equivalente a seis horas por dia.
Entre as principais doenças que mais acometem o setor estão a Ler/Dort, calo na voz e doenças psicológicas, como depressão e síndrome do pânico.
“Hoje é um dia para todos nós, que somos usuários desses serviços, refletirmos. A maioria das vezes a responsabilidade dos problemas que os consumidores enfrentam, seja ela com o banco ou uma empresa de telefonia, não é culpa do teleoperador, mas tudo acaba desaguando neste profissional que recebe, por parte do cliente, maus tratos, xingamentos, ameaças e etc.”, afirmou Augusto Vasconcelos.
Ele acrescentou: “Essas atitudes refletem no dia a dia dessas pessoas, abalando o seu emocional e psíquico. Não é à toa que o INSS tem essa como uma das principais categorias com solicitações de afastamento com problemas de síndrome do pânico, depressão, síndrome de burnout, esgotamento físico e mental”.
Indicação
O vereador é autor de um projeto de indicação para a inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras dos serviços essenciais, dentre eles os telefônicos, nos grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19.
“O setor de call center é um dos principais responsáveis pela geração de empregos em nossa cidade. A taxa de empregabilidade no call center chega a 39% da nossa meta mensal”, disse Kadine Santos, coordenadora estadual da Rede Sinebahia.
Joselito Ferreira, presidente do Sinttel Bahia e diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fenattel), destacou o valor dos profissionais que atuam no atendimento. “Representamos uma categoria fundamental para a sociedade, por isso buscamos o reconhecimento dos gestores públicos e dos cidadãos que utilizam as telecomunicações. Exigimos respeito e vacina!”, ressaltou.
Pensando em criar estratégias e minimizar os impactos nocivos à classe, a Sinttel realizou reuniões com o secretário municipal da Saúde, Leo Prates, e também com o Ministério Público do Trabalho Federal.
A partir do encontro, foi enviado ofícios às empresas solicitando meios de transporte alternativos para os trabalhadores do turno noturno, a fim de resguardar a integridade física desses profissionais.
Foi solicitado também o pagamento de verbas e benefícios aos trabalhadores afastados e em home office, bem como o acompanhamento das fiscalizações realizadas por órgãos públicos como a vigilância sanitária.
Também participaram da sessão e fizeram parte da mesa de trabalho o deputado estadual Robinson Almeida (PT) e a teleoperadora Talita Martins.