Na iminência da eleição, o presidente que fez a transição da ditadura militar para a democracia não vê ameaças de retrocesso com a liderança de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa.
Para José Sarney (MDB), 88, “o Brasil é hoje uma democracia consolidada e irreversível”.
O vice-presidente que assumiu o comando do Palácio do Planalto, em 1985, com a morte do titular eleito, Tancredo Neves, não quis dar entrevista sobre o momento brasileiro.
Encaminhou à reportagem uma nota breve.
“Qualquer que seja o resultado das urnas, todas as perturbações da eleição serão superadas”, sentenciou.
Militar reformado, admirador dos presidentes generais e de símbolos da ditadura como o coronel torturador Brilhante Ustra, Bolsonaro desperta temores em diferentes volumes.
O adversário Fernando Haddad (PT) diz, em sua campanha, que o que está em jogo no país é justamente a continuidade ou não da democracia.
Segundo o Datafolha, metade do eleitorado vê possibilidade de o Brasil voltar a ser governado por uma ditadura.
Há outros setores menos alarmados com a ascensão do político de ultradireita. É o caso de Sarney.
“Como dizia Ortega y Gasset”, ensina o também ex-presidente do Senado, “o homem é o homem e sua circunstância. O cargo de presidente da República é uma instituição, maior que a pessoa do presidente”.
Recluso há anos, o grupo de Sarney sofreu uma dura derrota no Maranhão nesta eleição que rejeitou a política tradicional. Sua filha, Roseana, e seu caçula, Zequinha, perderam as disputas para o governo e o Senado, respectivamente.