Antes de se tornar um dos principais personagens da crise envolvendo a vacina indiana Covaxin, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), vinha se queixando segundo a coluna de Bela Megale do jornal O Globo, de não participar das reuniões no Palácio do Planalto em que são definidas as estratégias para CPI da Covid. Intramuros, Barros costumava argumentar que, embora seja deputado e a CPI corra no Senado, sua experiência como ministro Saúde era ignorada pelo governo e que ele poderia ser mais útil ao governo que os ministros Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), por exemplo. Ambos compõem o núcleo duro responsável por definir como a base aliada deve agir na comissão.
Conforme o depoimento do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) na CPI da Covid, Barros é o parlamentar a quem o presidente Bolsonaro se referiu ao tomar conhecimento de suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana. A citação aconteceu, segundo Miranda, quando ele e seu irmão, que é servidor de carreira do ministério, denunciaram para Bolsonaro suspeitas de ilegalidades na importação do imunizante indiano.
Barros responde a uma ação de improbidade administrativa. O Ministério Público Federal o acusa de ter beneficiado a empresa Global Gestão quando foi ministro da Saúde, entre 2016 e 2018. A Global é sócia da Precisa, empresa alvo da CPI da Covid em razão das negociações para vender a vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.