Ao contrário do que se poderia imaginar de um ano de pandemia, a riqueza aumentou 7,4% em 2020, totalizando US$ 418,13 trilhões na economia das famílias no mundo. Além disso, 5,2 milhões de pessoas acumularam no ano passado patrimônio suficiente para passar a compor o seleto grupo de milionários, cujo atual contingente é de 56,1 milhões de pessoas.
Segundo a EFE, as cifras foram puxadas principalmente pela América do Norte (10%) e Europa (9,85%), segundo o relatório anual sobre riqueza global elaborado pelo banco Credit Suisse. Por outro lado, as famílias da América Latina e Índia viram sua riqueza diminuir no ano passado, com uma variação negativa de 10,1% e 4,4% respectivamente, porque suas moedas se desvalorizaram frente ao dólar.
A principal explicação para o aumento da riqueza dos domicílios é que, ao contrário do que aconteceu durante a crise financeira de 2008, governos e bancos centrais tomaram medidas rápidas para mitigar a crise. Além disso, entre os motivos para o aumento da riqueza estão a continuidade do crescimento das Bolsas de Valores, que atingiu níveis recordes no final de 2020, bem como a valorização do setor imobiliário, impulsionado pelas baixas taxas de juros e pela poupança feita pelas famílias durante os períodos de bloqueio.
No capítulo que se dedica a mostrar a distribuição de riqueza pelos países, o Credit Suisse afirma que milionários da Alemanha, Austrália, Japão, França, Reino Unido, China, Canadá, Países Baixos e Itália foram favorecidos pela valorização de suas moedas frente ao dólar.
Embora a redução de milionários não tenha sido significativa no mundo todo – pelo contrário, no saldo final, a quantidade de milionários é maior que em 2019 -, o Brasil foi destaque por ter sido o país que mais perdeu representantes. Das 315 mil pessoas que possuíam patrimônio de mais de US$ 1 milhão em 2019, só restaram 207 mil no fim de 2020.
No segundo e terceiro lugares de países que mais perderam milionários, vêm Índia – que caiu de 764 mil para 698 mil – e Rússia (de 313 mil para 269 mil). Os países que mais ganharam milionários foram os Estados Unidos, que passaram de 20,2 milhões para 21,9 milhões, Alemanha (de 2,3 milhões para 2,9 milhões) e Austrália (de 1,4 milhões para 1,8 milhões).
Desigualdade
O Credit Suisse também aponta que a pandemia levou a aumentos generalizados da desigualdade no mundo. Enquanto os grupos mais pobres tiveram que a utilizar suas economias ou até mesmo a tiveram suas dívidas aumentadas por causa da crise, os grupos mais abastados foram menos afetados pelo baixo nível de atividade econômica ou, mais importante, eles podem ter sido beneficiados com a redução das taxas de juros dos bancos centrais.
O aumento da desigualdade, no entanto, é mais uma consequência das ações tomadas (ou não) para mitigar seu impacto do que algo diretamente causado pela pandemia em si.
Em geral, a desigualdade de renda é alta em todos os países, mas excepcionalmente alta em outros, aponta o relatório. Por exemplo, se o índice de Gini, que mede essa disparidade, estiver na casa dos 70 é considerado “relativamente baixo”, já o índice acima de 80 é considerado “relativamente alto”. O índice de Gini do Brasil está em 89 pontos.