O bitcoin tem sido alvo de muita discussão entre analistas do mercado financeiro e CEOs de grandes empresas em 2021. No começo de junho, uma postagem com um coração partido no Twitter do bilionário Elon Musk, proprietário da Tesla, a respeito da criptomoeda levou a uma queda de 7% do bitcoin. No começo da última semana, porém, a moeda digital voltou a subir depois de Musk dizer que a Tesla poderia voltar a aceitá-la se a mineração fosse mais “verde”.
Nesta quinta-feira (24), um novo caso trouxe o bitcoin de volta ao debate. Veículos da mídia internacional, como o Business Insider e a Bloomberg, relataram que dois irmãos sul-africanos desapareceram, assim como US$ 3,6 bilhões em bitcoins. O caso pode ser o maior roubo da história da criptomoeda, criada em 2010 por Satoshi Nakamoto, pseudônimo de uma pessoa até hoje desconhecida.
Os veículos Independent Online e ITWeb, que fazem parte da mídia local sul-africana, dizem que os irmãos Ameer Cajee e Raees Cajee fundaram o aplicativo de investimento em criptografia Africrypt em 2019. Em abril deste ano, eles dispararam um comunicado a seus clientes dizendo que o aplicativo havia sido invadido por hackers, fato que teria comprometido parte dos recursos investidos.
O mais estranho da história, porém, é que Ameer, um jovem de 20 anos, teria dito aos clientes para não relatarem o incidente às autoridades locais. Isso porque, segundo ele, a polícia poderia impedir as tentativas de recuperar as 69 mil criptomoedas que teriam desaparecido – montante que chegou a ser avaliado em mais de US$ 4 bilhões em abril.
No entanto, alguns dos usuários relataram o caso ao escritório de advocacia Hanekom Attorneys, especialista em crimes civis e criptomoedas e localizado na Cidade do Cabo, capital da África do Sul. Depois que o escritório tentou procurar a dupla e não obteve vestígios, o caso foi reportado às autoridades.
“Nós estávamos imediatamente desconfiados quando eles pediram para que os investidores não tomassem nenhuma medida legal. Os funcionários da Africrypt perderam o acesso à área de back-end da plataforma [área da programação que dá sustentação a uma interface] sete dias antes que alegassem a invasão”, afirmou o Hanekom Attorneys em e-mail à Bloomberg.
O FNB, banco que sustentava o Africrypt, segundo documento obtido pelo Independent Online, negou qualquer relação com a plataforma de investimentos. “Mais uma vez, o FNB confirma que não tem relacionamento bancário com o Africrypt. Devido à confidencialidade dos clientes, o FNB não pode fornecer qualquer informação específica sobre as contas bancárias”, afirmou a porta-voz da instituição, Nadiah Maharaj.
Quando anunciou a invasão no sistema, o Africrypt teria enviado o seguinte comunicado a seus consumidores, segundo o Independent Online: “Lamentamos informar que, devido à violação recente em nosso sistema, as contas de clientes, carteiras e conexões foram todos comprometidos”, disse. “Infelizmente, isso forçou a Africrypt a interromper as operações. Pedimos a todos os clientes que sejam pacientes enquanto tentamos resolver a situação. É compreensível que queiram seguir o caminho legal, mas pedimos que reconheçam que isso só atrasará o processo de recuperação.”
Em uma investigação paralela, o Independent Online afirma que Ameer e Raees foram para o Reino Unido, pista que foi sustentada pelas buscas do Hanekom Attorneys. O escritório declarou ao site que, antes de o ataque de hackers ser revelado, uma transferência foi feita a um banco localizado no Reino Unido.
Para o fundador do Hanekom Attorneys, Darren Hanekom, a afirmação de invasão ao sistema do Africrypt está “mal colocada”. “Além disso, não temos conhecimento do status da conta (s) bancária (s) da África do Sul usada para administrar o Africrypt, exceto pelo fato de que são mantidas no FNB. No entanto, presumimos que a conta foi drenada, assim como todos os fundos dos investidores”, disse ele ao Independent Online.