O deputado Osmar Terra (MDB-RS) afirmou que as opiniões do presidente sobre imunidade de rebanho, tratamento precoce e contra lockdown não foram fruto de aconselhamento paralelo. Ele também negou que tenha influenciado diretamente o presidente a defender tais ideias.
“O presidente fala o que ele quer falar. Eu não tenho poder sobre ele, de dizer o que ele deve falar. Isso não existe. Não tem cabimento querer imputar um poder sobrenatural para as pessoas. Ele ouve todo o mundo, mas isso não significa que tem gabinete paralelo. Isso é uma falácia”, disse Terra.
O deputado também afirmou que chegou a comentar suas opiniões com Bolsonaro em alguns momentos. “A relação que eu tenho com o presidente é de amizade e ele tem essa relação com muitos outros deputados. Gosto do presidente, tenho simpatia por ele. Quando, de vez em quando, o presidente me pergunta alguma coisa ou eu acho que tenho que falar alguma coisa, eu falo. Mas minha opiniões são públicas”, disse.
Assista ao vivo:
Já no início do depoimento, Terra defendeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), comparando a governantes de outros países. “A Argentina vai superar o número de mortes do Brasil. Aqui o presidente não teve a caneta na mão e lá teve. E o presidente da Argentina vai ser chamado de genocida?”, disse. Sobre suas previsões erradas sobre os números da pandemia, Terra disse que se baseiou em sua experiência em outras cinco pandemias.
Os senadores membros da comissão questionam Osmar Terra a respeito dos posicionamentos dele, que são rechaçados pela comunidade científica, como a “imunidade de rebanho” natural – sem vacinação – e o uso de remédios sem comprovação científica.
De acordo com a apuração da GloboNews, o parlamentar teria se reunido 17 vezes com o presidente Bolsonaro desde o início da pandemia. Em um determinado vídeo no Palácio do Planalto, em setembro de 2020, Osmar acompanha Bolsonaro em um evento com médicos que manifestam-se de maneira contrária à vacina. Também é defendido o uso de farmacos ineficazes, a criação de um “shadow cabinet” (‘gabinete das sombras’ em tradução livre) para aconselhar o presidente.
No requerimento de convocação de Osmar Terra, os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Humberto Costa (PT-PE) argumentam que “ações equivocadas e omissões lesivas ao interesse coletivo podem decorrer da forma como as principais autoridades do país viam e continuam vendo a ameaça do novo coronavírus . Neste ponto, é essencial saber qual a verdadeira concepção que o maior mandatário do país tem sobre o contexto no qual estamos inseridos e quem ajudou a construir esta noção”.
Outros requerimentos também serão votados antes da oitiva de Osmar. Nela, estarão em pautas pedidos de informação, quebras de sigilo e convocações de depoentes. Entre elas, a do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro – que não poderá ser votada devido ao entendimento da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal ( STF ), que suspendeu a convocação para depoimento dos executivos municipais.