O deputado federal reeleito com a maior votação na história das eleições no Brasil, Eduardo Bolsonaro (PSL) afirmou em vídeo que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) “basta um cabo e um soldado”.
Nas imagens, gravadas antes do pleito, o filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) responde a um questionamento sobre a possibilidade de o STF impedir a posse do pai, caso ele fosse eleito em primeiro turno.
“O STF vai ter que pagar para ver. E aí, quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam, e muito pouco pode ser dito. Mas, se o STF quiser arguir qualquer coisa – recebeu uma doação ilegal de 100 reais do ‘José da Silva’ e então impugna a candidatura dele –, eu não acho isso improvável, não. Mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo?”, pergunta o parlamentar. “O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF, você sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não”, diz, em tom de ameaça ao Judiciário.
Repercussão
Em entrevista no início da tarde deste último domingo (21/10), o presidenciável Jair Bolsonaro disse desconhecer o vídeo. “Isso não existe, falar em fechar o STF. Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra”, afirmou o candidato, em coletiva na casa do empresário Paulo Marinho, onde grava vídeos para seu programa eleitoral. “Desconheço esse vídeo. Duvido. Alguém tirou de contexto”, acrescentou.
O candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, repudiou as declarações e classificou a família do adversário como “um grupo de milicianos”. “Esse pessoal é uma milícia. [Bolsonaro] Não é um candidato a presidente. É um chefe de milícia. Os filhos deles são milicianos, são capangas. É gente de quinta categoria”, atacou o petista.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também se opôs ao posicionamento do herdeiro de Jair Bolsonaro. “As declarações merecem repúdio dos democratas. Prega a ação direta, ameaça o STF”, escreveu FHC em seu Twitter. “Não apoio chicanas contra os vencedores, mas essas [declarações] cruzaram a linha, cheiram a fascismo”, completou o ex-presidente. “Têm meu repúdio, como quaisquer outras, de qualquer partido, contra leis, a Constituição”, concluiu.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Claudio Lamachia divulgou nota na qual chamou atenção para a necessidade de serem rejeitadas as propostas que visem a “minar o funcionamento das instituições da República”. Acrescentou ainda que é uma obrigação do Estado proteger o STF.