Em entrevista nesta terça (15), à Rádio Jovem Pan o senador Angelo Coronel (PSD) disse que a CPI da Pandemia, no Senado, precisa investigar qual é o interesse da divulgação da cloroquina para tratamento precoce do Covid-19.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o medicamento não tem qualquer eficácia contra a doença que apenas no Brasil já matou quase meio milhão de pessoas.
“Precisamos saber se há algum interesse comercial em se divulgar o uso da cloroquina”, disse o senador baiano, citando o Presidente da República como exemplo de equívoco na defesa do tratamento precoce.
“O Presidente da República não é médico, ele é um ex-militar, ele não tem nenhum conhecimento científico. Nós precisamos chegar a quem induziu o presidente a erro, a quem induziu o presidente a dizer que a cloroquina cura precocemente. É o famoso follow the Money (seguir o dinheiro). Nós precisamos seguir o dinheiro para saber a quem interessou fazer a cabeça do Presidente da República para o uso da cloroquina. Esse talvez seja um dos pontos mais importantes da CPI”, defendeu Angelo Coronel na entrevista.
Para o parlamentar, membro suplente da CPI, a quebra do sigilo bancário das pessoas envolvidas na defesa da cloroquina é importante para ver se alguém foi beneficiado financeiramente com a divulgação, “até para que sejam isentos de culpa”, defende Coronel.
O senador cobrou uniformidade do Supremo Tribunal Federal nas decisões sobre quebra de sigilo bancário.
“Porque não dá para um ministro dar uma decisão de uma maneira, o outro dá de outra maneira, parecendo que no Brasil nós temos duas, ou três constituições. Nós temos que unificar o pensamento, para quando um ministro sentenciar, o rito seja seguido pelos outros, se não fica muito ruim para a corte”, justificou o senador.
Crise em Manaus
Angelo Coronel voltou a defender que haja acareações entre depoentes, desta vez para se chegar aos culpados pela falta de oxigênio em Manaus, no início do ano.
Para o senador baiano deveriam ficar cara a cara o governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima (PSC), o ex-secretário de saúde do estado, Marcellus Campêlo, que prestou depoimento nesta 3ª à CPI, e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Para Coronel o que está havendo em relação ao problema no Amazonas é “um jogo de empurra, com cada um querendo salvar a sua pele”.
“Se os três erraram, os três têm que ser penalizados, pois nós estamos tratando de vidas”, advertiu o senador.
Ele enxergou contradições no depoimento de Marcellus Campêlo, com declarações mostrando que as mortes por falta de oxigênio aconteceram por negligência.