O presidente em exercício do PSC, Marcondes Gadelha, disse ao site O Antagonista que o partido, antes de se preocupar com a sucessão de Jair Bolsonaro, se prepara para “não morrer” em 2022.
No ano que vem, se as regras atuais forem mantidas, serão as primeiras eleições para deputado federal com a proibição de coligações. Na Câmara, como temos noticiado, há uma comissão instalada para debater o tema, que ainda poderá fazer mudanças no sistema eleitoral vigente.
Boa parte dos partidos nanicos, em nome da sobrevivência, defende o retorno das coligações, com a manutenção da cláusula de barreira, ou seja, a necessidade de os partidos atingirem 2% (esse é o percentual definido para 2022) dos votos totais nas eleições para a Câmara para continuarem tendo direito ao fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio.
Gadelha, que assumiu o comando do PSC em razão da prisão do titular, Pastor Everaldo, disse a este site defender “com todas as forças da alma” as coligações e, consequentemente, o pluripartidarismo.
“Com a proibição de coligações, o sistema proporcional perde inteiramente o sentido. Isso é mortal para os pequenos e médios partidos. É uma coisa brutal. A cláusula de barreira, sim, pode ser feito de forma gradual, sem traumas, sem liquidar partidos. Na ditadura, só tínhamos dois partidos e eram tantos conjuntos de forças em cada um deles que a convivência era uma coisa insuportável. Não digo que temos que ter 25 ou 30 legendas, como é hoje, mas defendo uma homeostase política até chegarmos a um número de partidos que a sociedade aceite.”
Para Gadelha, “90% dos partidos ainda não sabem o que farão em 2022”. Há um claro desespero e, por isso, toda a atenção dos donos de legendas está voltada para a reforma eleitoral em gestação na Câmara de Arthur Lira. Gadelha prevê que, por instinto de defesa, as legendas possam acabar lançando candidatos a governador em todas as unidades da Federação e mesmo “inventando” uma candidatura presidencial própria.
“Pela necessidade imperiosa de ultrapassar a cláusula de barreira”, justificou ele.
“O fim das coligações poderá levar muitos partidos a soluções extremas de lançar candidatos em todo lugar, em uma tentativa de aglutinar forças e não deixar o partido se esvair. Muitos partidos estão estudando lançar candidatura própria para presidente da República, e não precisa nem sequer ser gente da própria legenda: basta encontrar um grande nome, com uma boa proposta, com boas ideias, e pode dar um caldo grosso. A alternativa a isso seria pior: os partidos deixariam seus filiados inteiramente à mercê dos grandes partidos e muitos migrariam para essas legendas, onde não sabem como seriam recebidos, podendo servir de boi da piranha ou de escada para caciques”, acrescentou.
Em 2014, o PSC lançou ao Palácio do Planalto o Pastor Everaldo, que atualmente está preso acusado de corrupção. Para 2018, chegou a anunciar a pré-candidatura de Jair Bolsonaro, então deputado da legenda, que acabou fechando com o PSL, pelo qual seria eleito. O economista Paulo Rabello de Castro também se colocou para a disputa de 2018, mas terminou como vice na chapa encabeçada por Alvaro Dias (Podemos).
O partido tem hoje o governo do Amazonas, cujo chefe é o enrolado Wilson Lima.