A ala adversária de Ricardo Salles no governo diz que o presidente Jair Bolsonaro perdeu a oportunidade de demitir o ministro do Meio Ambiente quando afastou Eduardo Pazuello e Ernesto Araújo em março. Salles é alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (19).
Segundo assessores presidenciais, o ministro do Meio Ambiente tem gerado desgaste na imagem do governo junto a empresários e investidores estrangeiros. Além disso, sua pasta gerou a primeira operação da PF por acusação de corrupção contra um ministério de Bolsonaro. O presidente sempre faz questão de destacar que seu governo nunca teve uma acusação de corrupção.
Auxiliares de Bolsonaro ouvidos pelo G1 disseram que, se o presidente tivesse demitido Salles em março, não estaria passando hoje pelo desgaste de ter um ministro alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal e quebra de sigilos bancário e fiscal.
Segundo os assessores, já era sabido dentro do governo que a Polícia Federal estava investigando a gestão do ministro Ricardo Salles, principalmente depois que ele entrou em atrito com o ex-superintendente da Polícia Federal Alexandre Saraiva, afastado depois de ter feito uma apreensão de madeira ilegal na região amazônica.
Em março, quando demitiu Pazuello da Saúde e Ernesto Araújo do Itamaraty, Bolsonaro foi pressionado por aliados a afastar também Ricardo Salles, mas resistiu para agradar sua base ideológica. E, também, por defender as posições do ministro do Meio Ambiente.