Exemplo positivo na América do Sul nos primeiros meses da pandemia, por manter a doença sob controle com regras estritas de isolamento social e fechamento de fronteiras, o Paraguai agora vive seu pior momento da crise sanitária, com rápido aumento no número de casos e mortes, colapso hospitalar, UTIs com ocupação total e fila de pacientes aguardando por leitos.
Nas palavras do diretor de Vigilância Sanitária local, Guillermo Sequera, o país “samba no ritmo do Brasil”. Um dos fatores que agravaram a crise veio justamente daqui: em meados de março, a variante P.1, identificada em Manaus, já era responsável por mais de 50% dos casos detectados no Paraguai, segundo um estudo.
Nos primeiros meses deste ano, o total de mortes por Covid-19, que supera 5.000, é mais do que o dobro das 2.262 mortes de todo o ano passado.
Os números absolutos podem parecer baixos, mas proporcionalmente à população, de 7 milhões de pessoas, são preocupantes. O país tem, por exemplo, o segundo maior índice mundial de mortes diárias por milhão de habitantes: 11,22, perdendo apenas para o Uruguai.
A média estava em 80 por dia em 12 de maio -na mesma data do ano passado, era zero, e não passou de 23 ao longo de todo 2020.
“Tínhamos a pandemia controlada porque nos mantivemos encerrados por sete meses: as atividades não essenciais fecharam, as escolas foram suspensas, diminuiu muito a interação entre as pessoas. Nesta quarentena estrita, aproveitamos para melhorar o sistema de saúde”, diz Elena Candia, presidente da Sociedade Paraguaia de Infectologia.