O vice-líder do governo no Congresso e integrante da CPI da Pandemia, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), disse neste sábado (8) em entrevista à CNN que o governo não tem razão para temer o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e que o general não precisa de treinamentos para responder à CPI.
A fala vem depois de Pazuello ter pedido adiamento da oitiva, que deve acontecer no próximo dia 19 de maio, alegando que teve contato com pessoas que testaram positivo para Covid-19. A oposição, da qual o ex-ministro Mandetta faz parte, alega que o general está com medo de ser inquirido.
“O Governo não tem razão para temer o depoimento do ex-ministro Pazuello. E outra, treinamento, com todo respeito, você pode até estabelecer alguma linha de comportamento num ambiente como esse, mas você não consegue treinar alguém de uma hora para outra para ir em uma CPI falar sobre fatos que ocorreram dentro do Ministério. Mais do que isso, alguém que chegou ao topo da carreira militar do exército, certamente já foi muito bem treinado no ponto de vista da pressão e da intimidação. Talvez uma orientação mais protocolar”.
O Senador afirma que, na visão dele, a CPI está tentando comprovar uma narrativa prévia. “Os investigadores me parecem se comportar como acusadores”, diz. “Quando você tem julgamento antecipado, isso mostra a parcialidade da CPI. Não é isso que a sociedade brasileira quer”.
Ele afirma que há uma tentativa de transformar os depoimentos das testemunhas em uma espécie de “tribunal da inquisição” e que a participação do atual ministro Marcelo Queiroga parece transformar a CPI da Covid em “CPI da Cloroquina”.
“Essa pandemia é cercada de incertezas. Não há afirmações absolutas em relação à CPI. No último depoimento que tivemos do atual ministro Marcelo Queiroga, o que pareceu é que se tratava da CPI da Cloroquina”, critica.
Marcos Rogério afirma que perguntou diretamente aos ex-ministros de saúde se haviam recebido ordem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para implementar a cloroquina. “Todos eles afirmaram que não. Perguntei, novamente, indiretamente se houve ordem dada pelos demais ministros, também disseram que não”.
Em semana agitada em Brasília, três ministros da saúde do governo Bolsonaro foram ouvidos na CPI da Covid: Henrique Mandetta, Nelson Teich e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga. Tratamento precoce e uso de cloroquina foram temas chaves nos depoimentos.
Para a semana que vem, a CPI aprovou a convocação do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fabio Wajngarten. Os senadores também querem ouvir representantes do Instituto Butantan, da Fiocruz, da Pfizer e da União Química, responsável pela vacina Sputnik V no Brasil.