Enquanto o petista vai recalibrar a estratégia da campanha e acenar ao centro, seu adversário fortalecerá as táticas que lhe renderam 46% dos votos no primeiro turno.
Bolsonaro se preocupou, em entrevista ao Jornal Nacional nesta segunda (8), em enfatizar que acredita no voto e que desautorizou seu vice, general Hamilton Mourão, por ter dito que ele considerava convocar uma Constituinte a ser escrita por notáveis e achava razoável a hipótese de um autogolpe contra o Congresso.
“Ele deu uma canelada. Eu o desautorizei”, disse Bolsonaro. “Ele é general, eu sou capitão, mas o presidente serei eu.”
Bolsonaro também acenou ao Nordeste e aos mais pobres, campos em que o PT leva vantagem, e afirmou que não acabará com o Bolsa Família.
O PT também fez um gesto significativo em direção ao eleitorado de centro que o vê Haddad como sendo tutelado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na noite desta última segunda (8), o candidato foi liberado pelo padrinho político de visitá-lo semanalmente na sede da Polícia Federal em Curitiba onde cumpre pena por corrupção.
A correção de rota na campanha do PT promete ser mais drástica, a fim de buscar ampliar a base de 29,3% dos votos recebidos no domingo. A avaliação da campanha, porém, é que obter os votos necessários será “muito difícil”.
Após receber Haddad nesta segunda, Lula também autorizou o PT a revisar pontos do programa de governo para tentar ampliar as alianças.
A instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte foi retirada do plano. Indagado em entrevista no Jornal Nacional desta segunda sobre a proposta, Haddad declarou que o PT “reviu a posição”.
Lula orientou o discípulo a ir para a rua fazer campanha e deu carta branca para que firme sua identidade e converse com diversos partidos.
A ideia é que os acordos formais se deem entre siglas de centro-esquerda, como PDT, PSB e PSOL, mas haja espaço para formar uma frente em defesa da democracia. O ex-adversário Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas urnas, pretende anunciar nesta quarta “apoio crítico” ao petista.
Bolsonaro não deve rever significativamente o discurso –além do antipetismo, questões como a confiabilidade das urnas eletrônicas, a moralização e o combate à corrupção seguem em destaque.
Embora alguns de seus aliados defendam que ele suavize o tom, outros afirmam que isso poderia alterar justamente o que ajudou a conquistar eleitores: a polarização como PT. “A gente não precisa conquistar voto de ninguém, a gente só precisa mostrar quem é o PT”, afirma o presidente do PSL, Gustavo Bebianno.