O deputado federal baiano Otto Alencar Filho (PSD), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, sugeriu em entrevista ao BNews, que o Orçamento 2021 seja revisado pelos parlamentares, em um acordo com o governo federal para que, em seguida, uma reforma administrativa fosse pautada.
Ainda na entrevista, o deputado critica a compra de vacinas pela iniciativa privada e discorda da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de obrigar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a abrir uma CPI para investigar conduções de agentes públicos no combate à pandemia.
Confira abaixo trechos da entrevista:
Mas o senhor acha que o governo está disposto a isso?
Otto Filho: Eu acho que sim. O governo federal tem todo interesse em aprovar reforma administrativa. O que não dá é você ter “dois pesos, duas medidas”. Se for fazer reforma administrativa, tem que ser pra todos, todos os níveis, e também pra o Executivo, Legislativo e Judiciário.
Qual opinião do senhor sobre a iniciativa privada adquirir vacinas?
Otto Filho: Sou contra e fui contra. Acho que foi um grande erro liberar aquisição de vacinas pela iniciativa privada. O Brasil vai se tornar o único país, entre os dez maiores do mundo, que vai ter essa prática. É jogar no lixo o plano nacional de vacinação que foi realizado. É enfraquecer o SUS, que é a mola mestra da saúde pública brasileira. Eu votei contra e, realmente, sou totalmente…Como um social democrata, não posso acreditar que tirar recursos da saúde pública, tirar a possibilidade de a gente fazer vacinação adequada, via setor público, é algo que seja lógico.
Após a CPI da Covid no Senado, deputados também falam em instalar uma na Câmara. O senhor é a favor?
Otto Filho: Olha, a gente tem, obviamente, toda a preocupação de CPI, de realizar CPIs. A realização de uma CPI é algo muito sério, precisa de muita análise. Obviamente que o Senado e a Câmara nunca se furta de avaliar tais CPIs, problemas que venham a acontecer, que levem em consideração desvio de recursos, má gestão. Agora, só não acho que o momento da CPI é agora. Acho que temos que fazer, mas acho que o momento não é agora. No meio da pandemia, tendo que resolver questões econômicas, avanço da vacina.
BNews: Mas o fato é que a CPI vai acontecer no Senado. Diante disso, o senhor é a favor de também existir outra na Câmara?
Otto Filho: Se já vai ter no Senado, não vejo necessidade de fazer na Câmara. Só pra palanque político? Não vejo muito lógica. Eu acredito que o STF tá avançando com uma posição que cabe não a ele, e, sim, ao Legislativo. É do Legislativo a opção de aprovar ou não uma CPI. Mas percebi que o presidente do Senado, dentro de uma visão estadista e diplomática, fez cumprir a decisão do Supremo, que, na minha opinião, foi mais um gesto diplomático do que medo da imposição do STF.