A abertura de uma CPI para investigar a crise do coronavírus no Brasil e os recordes de mortes por Covid-19 são o pano de fundo de uma audiência marcada pelo Parlamento Europeu, na próxima semana, conforme publicou a Folha de S. Paulo.
Em uma reunião de duas horas na tarde da próxima quinta (15), o chefe da Missão do Brasil junto à União Europeia, embaixador Marcos Galvão, está sendo chamado a falar sobre a situação da Covid no país, entre outros temas.
“A crise atingiu o Brasil de maneira particularmente forte devido às políticas desastrosas do governo Bolsonaro, que se recusa a levar este vírus a sério”, afirmou a eurodeputada pelo Partido Verde Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação do Parlamento Europeu para assuntos relacionados ao Brasil.
Segundo Cavazzini, “ao negligenciar a compra de vacinas, Bolsonaro é responsável pela situação catastrófica no país”. Em aviso sobre a audiência, ela cita a ordem emitida na quinta (8) pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instale uma CPI da pandemia da Covid-19.
Também menciona que “mais de 340 mil brasileiros já morreram com o vírus” e que “nos últimos dias, a média diária de mortes ultrapassou 4.000”.
Membro também do comitê parlamentar responsável por ambiente, Cavazzini tem sido uma das eurodeputadas mais críticas da gestão Bolsonaro na questão do desmatamento da Amazônia e uma das principais vozes de oposição ao acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul (ainda em fase de revisão jurídica).
“Na audiência, espero que o governo brasileiro tome uma posição sobre medidas concretas para enfrentar a crise social e de saúde. A UE deve mostrar solidariedade e apoiar a luta contra a pandemia de coronavírus no Brasil”, afirmou ela.
Sem implicação prática, essas reuniões são marcadas com antecedência para discutir temas de interesse bilaterais. No encontro da próxima semana, um dos temas previstos inicialmente era direitos humanos, entre eles o caso de Fernando dos Santos Araújo, sobrevivente da chacina de Pau D’Arco, em 2017, atribuida a policiais.
Araújo chegou a entrar no programa de proteção a testemunhas, mas voltou à fazenda neste ano e acabou também assassinado.
A convocatória da audiência inclui também uma “troca de opiniões sobre a cooperação científica e tecnológica entre a UE e o Brasil”.
Sobre a pandemia de Covid-19, tema acrescentado ao evento após a piora na situação brasileira, devem falar Veronique Lorenzo, chefe da Divisão para a América do Sul da CE, Socorro Gross Galiano, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil (a confirmar) e Camila Asano, diretora de programas da ONG Conectas.