O deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT) criticou duramente a abertura de inquérito, pela Polícia Federal (PF), para investigar o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) em função de críticas feitas pelo líder pedetista ao presidente Jair Bolsonaro. “O presidente da República faz da PF a sua Gestapo, utilizando a polícia judiciária, a quem deveria respeitar mais diante dos relevantes serviços prestados pela corporação à nação, para tentar intimidar desde artistas e influenciadores digitais a adversários políticos”, disse o parlamentar baiano.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo deste sábado (20), o ex-governador cearense virou alvo da PF por criticar Bolsonaro numa entrevista concedida a uma rádio de Sobral (CE), que aconteceu em novembro do ano passado. Nessa entrevista, Ciro falou que a população tinha um sentimento de “repúdio ao bolsonarismo, à sua boçalidade, à sua incapacidade de administrar a economia do país e seu desrespeito à saúde pública”.
Na entrevista, o ex-ministro também chamou o presidente de “ladrão” e falou sobre a “rachadinha”, que envolve os filhos de Bolsonaro. “Se o presidente da República se sentiu ofendido, ele deveria fazer como qualquer cidadão: ir à Justiça. O que não pode, numa democracia, é usar o aparato policial do Estado para perseguir adversários. É mais um expediente perigoso que demonstra a falta de apreço de Bolsonaro pela democracia. De nova política isso não tem nada, pelo contrário, é coisa de ditador antiquado”, afirmou Félix.
Félix disse que essa atitude de Bolsonaro demonstra de fato que ele quer controlar politicamente a PF. “Todas as manobras feitas pelo presidente desde que assumiu o Palácio do Planalto foram nesse sentido: o de proteger a própria família, os filhos, todos com problemas na Justiça, e para blindar a si próprio. Essa é a prioridade, mesmo durante a pandemia. Por isso, temos que ficar vigilantes para impedir qualquer golpe à democracia”, concluiu o deputado.