Com a covid-19 atingindo o pico mais uma vez neste início de mês, os governadores e prefeitos estão endurecendo as medidas de proteção contra a covid-19 e alguns setores econômicos já projetam o aumento de desempregados e falências.
A resposta do governo Jair Bolsonaro à crise é lenta, uma vez que a economia está desprotegida contra a quebradeira que se desenha nos próximos meses. O acesso ao crédito e programas de manutenção do emprego, por exemplo, são medidas que foram adotadas no início da pandemia, ainda em 2020, mas não retornaram para o horizonte do governo neste início de ano. A vacinação, que também desafogaria a população infectada, está longe de atingir grande parte da população.
Em entrevista ao jornal Folha de SP, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Percival Maricato, afirmou que, além de medidas de contenção econômica, o governo precisa montar programas de saneamento das companhias.
Segundo Percival, os estabelecimentos estão com o caixa completamente restrito e acumulando dívidas com bancos, proprietários de imóveis, fornecedores, além das contas de energia, IPTU e outros impostos que chegam mensalmente.
Dois pontos ampliam o temor do setor produtivo: em julho, o governo publicou um decreto que permitia a prorrogação do programa de suspensão de contrato de trabalho e corte de jornada. O prazo máximo da medida era de suspender os contratos por 120 dias, com a condição de que o empregador mantivesse o empregado trabalhando pelo mesmo período após o fim da suspensão.
Quem entrou no programa em julho do ano passado, por exemplo, precisa manter o funcionário empregado até o fim do mês de março. Após o período, o funcionário pode ser demitido, se o empregador não tiver como pagar seu salário.
Outro ponto de temor é o fim do prazo de carência do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). A medida contava com uma carência de oito meses para que os empresários iniciassem os pagamentos e esse prazo se esgota exatamente neste mês.
Um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) aponta que o comércio paulista deve registrar uma perda de R$ 11 bilhões em março – mais da metade somente na capital do estado. A situação é semelhante ao que aconteceu com o setor em abril e maio do ano passado, quando o cenário da pandemia era tão grave quanto agora.