A escritora e tradutora Anna Maria Martins morreu no último sábado (26), aos 96 anos, em decorrência de uma obstrução estomacal, segundo informou a sua filha, Ana Luísa Martins. Ela passou cerca de um mês internada no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.
A paulistana que ocupava desde 1992 a cadeira de número sete na Academia Paulista de Letras também foi vice-presidente da União Brasileira de Escritores e atuou em cargos de assessoria cultural, consultoria e júris literários, além de ter dirigido a Oficina da Palavra na Casa Mário de Andrade.
Atualmente, participava regularmente das reuniões online da academia e tocava um clube do livro. Ela também trabalhava em uma antologia de contos que não tem previsão para ser lançada.
Martins iniciou sua carreira como tradutora e, ao longo da vida, trabalhou com obras de nomes como Agatha Christie (“A Testemunha do Processo”), Aldous Huxley (“O Sorriso da Gioconda”) e Maurice Leblanc (“Arsène Lupin na Prisão”).
Seus primeiros contos foram publicados no suplemento literário do jornal O Estado de S. Paulo, e, sua principal obra, “A Trilogia do Emparedado e Outros Contos” (1973), foi premiada com o prêmio Jabuti de autor estreante. Posteriormente, também lançou os livros “Sala de Espera” (1979), “Katmandu” (1983) e “Retrato sem Legenda” (1995).
A autora era filha de Renato de Andrada Coelho e Lucia do Amaral de Andrada Coelho — uma prima de Tarsila do Amaral. A pintora se relacionou com o escritor Luís Martins entre 1933 e 1952, mas ele a deixou para viver com Anna após conhecê-la em uma fazenda da família.
Segundo Ana Luísa, sua filha com Martins, ela “lutou a vida inteira para sair das convenções sociais com muita educação e delicadeza, mas fazendo o que queria.” Em 2004, Ana Luísa, organizou as cartas de Tarsila do Amaral e de Anna Maria recebidas pelo pai no livro “Aí Vai Meu Coração” (Global Editora).
O corpo da escritora foi velado na Academia Paulista de Letras e a cerimônia de cremação, neste domingo (27), é restrita à família.