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E agora, esquerda? Haddad ou Ciro? Por Henrique Brinco

sábado 15 de setembro de 2018 às 12:21h

A eleição de 2018 ainda está completamente indefinida, mas uma coisa nós sabemos: o resultado final será decidido pelos polos. Quem aglutinar mais votos, leva. Esquerda e direita se digladiam e, ao que tudo indica, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) caminha para o segundo turno. Com voto cristalizado, o deputado federal dificilmente será superado por mais de um adversário na votação do dia 7 de outubro.

Diante desse cenário, a grande disputa fica a cargo de qual será o nome da esquerda que vai enfrentar o parlamentar conservador. São competitivos Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Só que é preciso fazer algumas observações.

Até bem pouco tempo atrás, acreditava-se que Marina Silva (Rede) já estaria garantida no segundo pleito de outubro. Ela era o nome mais conhecido da população até então. Entretanto, as últimas pesquisas Datafolha e Ibope tiveram um efeito devastador para os planos da ex-senadora petista. Ela desidratou e tem poucas chances de recuperação a essa altura do campeonato.

Desidratou, inclusive, em uma eleição marcada pelo radicalismo. Com um perfil aparentemente mais frágil, Marina dificilmente teria força para enfrentar os ataques dos “bolsominions” – já que transmite uma personalidade mais tranquila e costuma “dar a outra face” quando lhe atacam. Foi assim em 2014, quando tentou responder as fortes agressões da campanha da ex-presidente Dilma (PT).

Já Alckmin, mesmo com a ampla aliança com os partidos do “centrão” (PSDB, PP, PTB, PSD, PRB, PR, DEM, SD e PPS), não consegue esboçar nenhuma reação mesmo com o maior tempo de televisão e fundo partidário. Está estático e apático. O tucano tenta recuperar os votos que foram de Aécio Neves (PSDB) na última corrida eleitoral e que migraram para Bolsonaro após os escândalos de corrupção protagonizados pelo senador e correligionários. Tudo ainda pode acontecer, mas é difícil vislumbrar uma reação do ex-governador de São Paulo a essa altura do campeonato, faltando apenas poucas semanas para o pleito.

Em 2018 eleitorado quer “ver sangue” e Haddad e Ciro, empatados com 13% no Datafolha divulgado nesta sexta-feira (14), parecem estar mais dispostos a entrar na briga direta com o capitão da reserva. Haddad representa a “vingança” pela derrubada de Dilma e a prisão de Lula. Ciro é a esquerda aguerrida, sem papas na língua, com posições fortes e polêmicas. Em uma rápida olhada nas redes sociais, é possível perceber que eleitores históricos dos governos petistas de Lula e Dilma estão divididos.

A subida de Fernando Haddad, no entanto, surpreende porque até recentemente ele era considerado um nanico pouco competitivo. Muita gente já dava como certo o PT fora do segundo turno. A estratégia de vincular o ex-prefeito de São Paulo ao ex-presidente Lula mostrou resultados. Ciro, por outro lado, conseguiu superar Marina – mas permanece com crescimento mais lento do que o adversário ideologicamente semelhante.

É preciso analisar os próximos levantamentos, mas as chances de Fernando Haddad ir ao segundo turno cresceram consideravelmente. Quem cobre política, aliás, sempre analisa as possibilidades do PT levando em consideração que a agremiação sempre terá, no mínimo, 20% dos votos (independentemente do nome que encabece a chapa). O eleitorado petista sempre foi historicamente mais fiel do que os dos demais partidos de esquerda.

Cabe salientar que o principal desafio do pleito deste ano será pacificar o país. Se a ultradireita de Bolsonaro ou a esquerda de Haddad ou Ciro vencer, uma delas terá que sentar e conversar com o outro grupo para manter a governabilidade – já que nenhum dos dois lados terá votos suficientes no Congresso Nacional para formar maioria confortável nas votações. Acompanhemos os próximos capítulos.

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*Henrique Brinco é repórter de política do site Bocão News e do jornal Tribuna da Bahia, já tendo passado pelos principais portais de notícias de Salvador.

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