“Pesadelo” do presidente Jair Bolsonaro e rejeitado pela maioria de governadores e prefeitos, uma eventual imposição de lockdown por municípios para conter a covid-19 seria aprovada por 64% dos brasileiros, segundo pesquisa da Quaest publicado com exclusividade pelo Broadcast Político. Outros 27% reprovariam a medida, enquanto 8% preferiram não responder.
A ampliação de medidas restritivas têm o apoio, de acordo com a pesquisa, inclusive de famílias com renda mensal de até dois salários mínimos. Neste extrato, que corresponde a 44% da base do levantamento de Quaest, o aval ao lockdown corresponde a 64%. A porcentagem aumenta entre os mais ricos: 73% das famílias com renda superior dez salários mínimos, 8% da base da pesquisa, concordariam com um fechamento total da Economia.
“A população como um todo tem mais medo do coronavírus que das consequências econômicas”, disse ao Broadcast Político o diretor da Quaest, Felipe Nunes. “A pesquisa mostra que as pessoas têm posição mais responsável em relação à pandemia do que algumas lideranças políticas. Cada vez mais, as pessoas conhecem alguém diagnosticado ou morto pela covid-19. Por isso, acabam apoiando medidas”, acrescenta.
Volta às aulas
O levantamento da Quaest ainda traz outro descolamento entre bandeiras do governo federal e anseios da população. Segundo a pesquisa, 53% da população rejeita o retorno presencial de crianças à escola, uma alta de sete pontos porcentuais em relação aos números de setembro. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu a retomada das aulas presenciais em live ao lado do presidente Jair Bolsonaro, mas ponderou que a decisão cabe a Estados e municípios.
Por outro lado, a fração dos que apoiam o retorno presencial à escola subiu de 15% para 17% no mesmo intervalo. A porcentagem dos que disseram não ter filhos e, assim, não têm a incumbência de autorizar a frequência da criança no ambiente escolar, por sua vez, recuou de 36% para 27%.
A Quaest ouviu 1.000 pessoas dos 26 Estados e do Distrito Federal entre 5 e 8 de dezembro. A pesquisa tem margem de erro de 3,1 pontos porcentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.