A Polícia Federal (PF) cumpre nesta quarta-feira (9), dez mandados de busca e apreensão, no estado de São Paulo, após deflagrar a Operação Involuto. No centro da investigação, está uma suspeita de desvio de recursos públicos destinados a aquisições de equipamentos de proteção à covid-19, no município de Hortolândia.
Os mandados são cumpridos em Hortolândia e também em Campinas, Indaiatuba, Santo André, São Paulo e Araras, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. De acordo com a PF, a verba, de origem federal, seria usada para a compra de máscaras e óculos de proteção.
Em investigação iniciada em setembro, as autoridades policiais identificaram quatro contratos de compra dos materiais, firmados no período de 18 a 23 de março. Em pelo menos dois deles, a cotação de preços favoreceu empresas controladas por integrantes de uma mesma família. A gestão municipal fechou contrato com um valor acima do praticado pelo mercado, ou seja, com superfaturamento.
Vínculos de amizade e parentesco
No total, quatro empresas foram selecionadas como fornecedoras dos insumos, sendo que os sócios mantêm vínculos de amizade e parentesco. A PF destaca ainda que uma das companhias atua no ramo de fabricação e/ou compra e venda de móveis e, portanto, não tem experiência com fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs).
“Além dos indícios de direcionamento das contratações em benefício de empresas específicas, o Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo constatou superfaturamento por parte dos fornecedores, totalizando prejuízo ao erário de R$ 724.620,00”, diz a PF, em nota.
O termo Involuto deriva do latim e significa rosto coberto. O nome foi escolhido em alusão aos objetos dos contratos investigados (máscaras e óculos) e aos eventuais destinos ocultos dos recursos públicos.