A assessoria do ex-presidente Lula contestou o método de apuração do livro “A Organização”, recém-lançado pela jornalista Malu Gaspar. A obra revela bastidores dos sucessivos escândalos de corrupção da Odebrecht, casos que orbitaram sobretudo o Partido dos Trabalhadores.
A empreiteira baiana foi apenas uma das centenas de empresas que financiaram as campanhas eleitorais do petista, que ocupou o Palácio do Planalto entre 2003 e 2011.
A defesa do ex-presidente se manifestou ao ser procurada pela produção do Fantástico, que exibiu no domingo (6) uma reportagem sobre o livro.
Ao programa da TV Globo, Malu Gaspar disse que o trabalho foi resultado de fruto de três anos de apurações. “Consultei mais de 120 fontes, da empresa e fora dela, concorrentes, todo tipo de advogados, investigadores para contar essa história com o máximo de detalhes possível”, afirmou.
Na publicação, ela diz que expõe nuances em torno da história de ambição, de negócios subterrâneos e também de uma relação em ruínas entre pai e filho — Emílio e Marcelo Odebrecht.
Em nota, a assessoria de Lula, por sua vez, afirmou que a jornalista não ouviu a defesa dele e que repetiu, sem contestação, versões contadas por delatores. Disse também que ela deixou de considerar as provas de inocência obtidas pelos advogados do ex-presidente, e que desmentem as versões dos delatores.
A nota afirma ainda que Malu Gaspar ignorou o depoimento de Marcelo à Justiça em outubro de 2019, quando ele admitiu que as acusações dirigidas a Lula são injustas.
O que dizem os demais os citados na reportagem do Fantástico:
Segundo o Fantástico, Emílio e Marcelo Odebrecht não quiseram comentar o conteúdo do livro.
A defesa de Alexandrino Alencar disse que, desde a assinatura do acordo de leniência, ele vem cumprindo integralmente os compromissos assumidos.
A assessoria da Odebrecht disse que a empresa passou por um processo de profunda transformação, e que um monitor do departamento de Justiça dos Estados Unidos atestou que o sistema de conformidade da empresa está desenhado e implementado para prevenir e detectar potenciais violações das leis anticorrupção.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não quis se manifestar, e o ex-presidente José Sarney não respondeu aos contatos da reportagem.