Chega às livrarias no dia 20, “A Organização — a Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo” (Companhia das Letras), de Malu Gaspar. Segundo a coluna de Lauro Jardim, será o melhor livro-reportagem do ano.
Se em “Tudo ou Nada”, de 2014, Malu descreveu de forma incontornável a ascensão e queda de Eike Batista, agora em 640 páginas ela usa o mesmo texto eletrizante, a pesquisa e a apuração acuradas para revelar os intestinos da maior e mais poderosa empreiteira que o país já conheceu — desde sua formação nos anos 40 até ser fulminada pela Lava-Jato.
Relata, por exemplo, a simbólica visita de Marcelo e Emílio Odebrecht ao gabinete de Lula, a dois dias do fim do seu mandato. O encontro, do qual Dilma Rousseff participou, era para garantir que o frutífero relacionamento entre Emílio e Lula fosse transferido para Marcelo e para a presidente que tomaria posse dali a 48 horas. Uma conversa olho no olho. Escreve Malu:
— Emílio introduziu o assunto. ‘É importante que vocês mantenham a relação que há entre nós.’ Lula corroborou, olhando para a sucessora. ‘Esses aqui têm sido nossos amigos sempre, e espero que você, Dilma, tenha com eles a mesma relação que eu tive.’ No mesmo encontro, Emílio chamou Lula num canto e falou do sítio de Atibaia, que a Odebrecht reformava. ‘Olha, chefe, o senhor vai ter uma surpresa. Nós vamos garantir o prazo que havíamos dado lá no programa do sítio’. Lula não pareceu surpreso, mas não disse nada.
Depois de ler “A Organização”, nem mesmo o petista mais obediente à causa será capaz de negar as relações carnais entre o PT, Lula e a empreiteira que mais corrompeu na história do Brasil. E os outros partidos? O livro mostra que as relações foram tão carnais quanto.