O Brasil tem um organização eleitoral superior à dos Estados Unidos e um modelo de votação e apuração muito melhor, mas é preciso tomar medidas para evitar que a judicialização na eleição americana se repita aqui na campanha presidencial de 2022. A avaliação é de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que acompanham de perto a disputa americana.
“Temos de nos precaver”, afirmou ao blog o ministro Gilmar Mendes, sobre a necessidade de o Judiciário se preparar desde já para evitar que se repita no Brasil a disputa judicial aberta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sem bases até legais em muitos casos.
Gilmar Mendes faz o alerta para a necessidade de uma atuação preventiva, mas lembra que o sistema eleitoral brasileiro é mais seguro que o americano.
“Tenho a impressão de que o Brasil tem uma organização superior, devido à Justiça eleitoral e ao sistema de votação com urnas eletrônicas”, afirmou o ministro do STF ao G1.
A avaliação dentro do STF é que o Brasil realmente tem uma grande vantagem em relação aos Estados Unidos porque, lá, não existe uma Justiça Eleitoral para coordenar o processo eleitoral em todo o país. E o sistema de apuração não é unificado nem tem a rapidez com segurança do brasileiro.
Mesmo assim, o entendimento é de que é preciso se antecipar e blindar o sistema eleitoral brasileiro para evitar o mesmo tensionamento observado agora nos Estados Unidos na eleição presidencial de 2022.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro, e ele próprio, costumam questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas e até dizer que o modelo é passível de fraudes, algo que até hoje nunca foi provado.
Bolsonaro, inclusive, mesmo vencendo a eleição, questionou o resultado da disputa em 2018. Ele chegou a dizer que havia vencido no primeiro turno, sugerindo que houve irregularidade na apuração dos votos na primeira fase da campanha eleitoral daquele ano.
O receio dentro do Congresso e no Judiciário é de que o grupo de Bolsonaro imite Donald Trump e use o mesmo discurso na eleição de 2022, questionando na Justiça votos sem a devida comprovação de que existam indícios de fraudes.
Nos Estados Unidos, até republicanos estão criticando o presidente americano e canais de televisão tiraram do ar a fala de Trump por avaliar que ela continha “fake news”.